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Paralelo entre o estudo Comunication Revolution e as relações jurídicas
Regina Pedroso
20/05/2016
É perceptível mudanças na forma de comunicação e seguramente isso impacta o comportamento e porque não as relações profissionais jurídicas, que vão desde o contato com o cliente, tomadas de decisão e marketing jurídico.
Tive a oportunidade de participar do Festival Path que ocorreu nos dias 14 e 15 de maio em São Paulo, onde se concentrou uma série de iniciativas voltadas para a inovação e empreendedorismo.
Nesta ocasião decidi assistir a palestra “A revolução da comunicação” fundada nos estudos da RBS (http://www.thecommunicationrevolution.com.br) e não poderia deixar de compartilhar o resultado resumido desta pesquisa de tão relevante que é num momento marcado pela internet das coisas e novas formas de relacionamento.
Basicamente a proposta é provocar uma reflexão sobre os pontos/resultados da pesquisa que se resumem em:
- be true
- be trusted
- be part
- think plural
- think mobile
- be beta
- think ahead
- think higher
- be collaborative
- be intuitive
- be useful
O estudo é direcionado a novas formas de comunicação (mídia) porém o resultado é comportamental e afeta todas as esferas. No que diz respeito as relações jurídicas de inicio aponto para uma premissa que deve ser observada ao longo das demandas judiciais ou extrajudiciais.
“ COMUNICAR PARA QUE O OUTRO CHEGUE AS SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES”
Por vezes somos treinados para argumentar no sentido de persuadir…de fazer valer nossas verdades, de estreitar fatos e ponderar com um direcionamento unilateral…literalmente advogando…pois o que seria vulgarmente advogar? Defender um ponto de vista? Aplicar uma lei? Explicitar um fato? Pois dentro de um novo contexto a palavra pode ganhar amplos significados…ainda mais quando o cenário corporativo se adapta a novos valores onde:
“O LUCRO NÃO PERDEU A IMPORTÂNCIA, SÓ NÃO É A UNICA RAZÃO DE SER DAS EMPRESAS”
Neste cenário a argumentação e postura discursiva (comunicação) demanda novos contornos onde ser transparente é obrigatório e inegociável. ( bull shit detector). Seu cliente não vai mais tolerar ser enganado…ele quer transparência…pois na rede é assim…a informação é democrática e aberta.
Quando se fala em Be True quer se dizer ser verdadeiro, atuar com clareza de caminhos e propósito, não omitir nem ludibriar pois hoje o consumidor identifica facilmente qualquer forma que lhe conduza a uma condição irreal ou incoerente.
Be Trusted esta ligado a confiança. A justiça por si só demanda confiança porém sabemos que o resultado confiável se constrói e a postura profissional é essencial para o êxito, portanto neste contexto não convém agir de outra forma que não seja a ética.
Be Part. Fazer parte é algo que esta sendo resgatado. A presença do profissional junto a causa é fundamental. Sair do escritório ou gabinete para interagir com o problema. Humanizando seu atendimento.
Think Plural é algo um pouco mais complicado quando toda uma educação jurídica foi construída no maniqueísmo e dualidade, no embate de ideias e confronto de argumentações. Sabemos que a solução hoje é ligada a mediação de conflitos e prevenção de litígios e para tanto a verdade deve ser multifacetada, fundada em conceitos abertos e criação coletiva de soluções. O dialogo com as partes de forma ampla e aberta, multidirecional.
Think Mobile é ter a consciência de mobilidade espacial que afeta negócios e relações. É ter a visão que por vezes em uma negociação é preciso verificar as condições de tempo e espaço que se mostram cada vez mais fluidas. Até mesmo na confecção de cláusulas contratuais.
Be Beta. Um característica que me despertou pessoalmente impacto…Durante o estudo se percebeu que somos sempre uma versão beta ( em construção). O fato de nunca estarmos prontos deve facilitar a nossa compreensão diante de eventuais erros, profissionais e pessoais. A autocritica e questionamento faz parte do caminho e conduz a uma permanente abertura para mudanças. Flexibilidade é fundamental. Estudar se atualizando algo necessário para sobreviver.
Think Ahead. Olhar para frente. Muitas vezes temos a missão de fazer com que além de nós o nosso cliente olhe para frente e “move on” , siga em frente, parta para outra. O que não tem remédio irremediável está. Alimentar crises e desavenças gera dano para todos os envolvidos. O profissional deve ter coragem para inovar e aprender com o erro.
Think Higher . Seja altruísta. Eleve o pensamento com propósito. Se pergunte qual a razão daquele trabalho e seu legado. Fazer por fazer é perda de tempo. Claro que pagar as contas é importante mas sempre existe a possibilidade da escolha e de fazer aquilo que te toca a alma.
Be Collaborative. Pense no coletivo e seu impacto. Suas ações afetam seu entorno. Nada mais coerente do que atuar refletindo e propondo que o resultado do seu trabalho sirva de exemplo e matéria para os demais. Veja o quanto uma informação ou causa bem sucedida serve de “case “para inspirar e motivar outros profissionais. Divida seu conhecimento com sua rede.
Be Intuitive. Sinta a causa e o seu cliente.. Sinta as clausulas e argumentações. Escute e observe. Veja com atenção e use seus sentidos. Por vezes os clientes ou as partes chegam cheios de demandas emocionais e patrimoniais que distorcem a realidade dos fatos e até do direito em si, pois para defender, comunicando o juízo é preciso encontrar o instrumento legal certo.
Be Useful. Transcenda sua atuação e seja útil compartilhando além. É gratificante saber que o seu trabalho não se resumiu aos honorários. Tem muito valor e reconhecimento o impacto que sua atuação gerou.
Basicamente é o que eu gostaria de dividir com vocês. A tecnologia pede que sejamos mais humanos e nos força a se adaptar a novas forma de comportamento. Se comunicar da melhor forma no direito é questão de sobrevivência, tanto quanto marketing quanto na atuação prática cotidiana.
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