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Avosidade: homenagem aos avós
Tânia da Silva Pereira
27/07/2020
O dia 26.07 é um dia especial: dia dos avós. Neste momento em que a convivência dos avós com os netos foi garantida pelos Tribunais por força da Lei nº. 12.398/2011, ampliando o direito de hospedagem, de correspondência e de usufruir a companhia deles em outro lugar que não a sua casa, esta conquista legislativa trouxe para a sociedade o debate sobre a importância da integração intergeracional, admitindo inclusive o compartilhamento da guarda dos netos pelos avós e outros membros da família e consolidando legalmente situações que já existiam no mundo dos fatos.
A Avosidade, já debatida em outras áreas do conhecimento, passou a indicar sua a importância no mundo do Direito, envolvendo nos debates a convivência com demais parentes afins, respeitadas as necessidades próprias das diferentes gerações.
Esta troca de vivências e experiências neutraliza a tendência dos idosos de afastamento dos contextos sociais, evitando o isolamento das gerações e possibilitando a compreensão das peculiaridades de cada geração numa visão ampla de espaço e tempo.
O convívio com os avós é de extrema importância para a formação da criança, na medida em que a experiência de vida adquirida poderá ser passada de geração para geração, fortalecendo os vínculos afetivos e o desenvolvimento de uma cadeia de conhecimentos.
Em tempo de Pandemia, tratando-se dos cuidados com os idosos, o distanciamento social não deve significar um afastamento afetivo. Temos que ressignificar o cuidado conosco, com os outros e com o mundo, estando presente na vida de todos através do celular, das redes sociais e outros meios de comunicação. Em meio ao risco do contágio e suas consequências, a demonstração de amor e carinho se consubstancia mesmo na distância física e duradoura o que, anteriormente, representava a expressão maior do abandono e descuido.
Vivemos o desafio de garantir a dignidade e autonomia, diante do inquestionável e acelerado processo de envelhecimento da população brasileira, impondo efetivas políticas sociais que garantam a convivência interfamiliar com os idosos, visando adaptá-los a exigências do mundo moderno e às mudanças que afetam as outras gerações com as quais convivem.
Considerando as dificuldades decorrentes do envelhecimento, os idosos são pessoas que devem ser capazes de perceber seus limites e buscar alternativas para uma convivência no cotidiano familiar, inclusive com os netos, sempre cientes de que boa parte das decisões são tomadas pelos pais. Juntos ou separados, ou vivenciando novos relacionamentos, os avôs e avós são pessoas diferentes, com experiências próprias, as quais poderão representar referências positivas ou negativas na vida dos netos.
Cabe alertar para procedimentos práticos que podem colaborar na integração intergeracional permitindo uma convivência agradável e participativa, lembrando que é importante saber ouvir cada um dos membros do núcleo familiar, considerando as condições individuais decorrentes da idade, das experiências e/ou inexperiências.
Diálogos informais possibilitam a todos expressarem seus pensamentos e ideias, sem a preocupação de respostas únicas e definitivas, articulando reflexões que conduzam à oportunidades para se manifestarem; atividades de estímulo à memória permitem relatos das vivências e experiências anteriores e estimulam a criatividade, convocando, idosos, adultos, crianças e jovens para os momentos prazerosos de convivência familiar.
São importantes as atividades criativas que permitem um melhor entrosamento entre os idosos, filhos e netos, respeitadas sempre as idades e vivências e as motivações de cada um; devem ser evitados, inclusive, eventos culturais que possam representar um desprazer ou efetiva manifestação das dificuldades pessoais.
Lembre-se ainda que membros da família extensa, amigos e “agregados” podem representar significativas relações de afeto e cuidado, permitindo, principalmente para os idosos, um acolhimento com carinho e amizade.
Enfim, deve ser de todos o compromisso de preparar crianças e jovens, adultos e idosos para conviverem numa sociedade solidária, com responsabilidade.
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