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REFORMA TRIBUTÁRIA

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REFORMA TRIBUTÁRIA

Pacto federativo sob a perspectiva da reforma tributária sobre o consumo

PACTO FEDERATIVO

REFORMA TRIBUTÁRIA

Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

08/04/2025

O pacto federativo é um dos pilares da organização do Estado brasileiro e  tem papel fundamental na distribuição de competências e recursos entre a União, os  estados, os municípios e o Distrito Federal. A Constituição Federal estabelece essa  estrutura com o objetivo de garantir autonomia aos entes federados, de modo que cada  um possa atuar conforme suas particularidades regionais e necessidades específicas. No  contexto da reforma tributária do consumo promovida pela Emenda Constitucional  132/2023, a relação entre o pacto federativo e o novo modelo tributário é um dos temas  mais controversos e debatidos por operadores do Direito Tributário. 

A atribuição de competências prevista na Constituição reflete um modelo de  descentralização que busca equilibrar a autonomia dos entes federados com a  necessidade de um sistema tributário eficiente e cooperativo. A reforma tributária, ao  instituir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e o Comitê Gestor, altera  significativamente esse equilíbrio e levanta questões sobre a preservação da autonomia  fiscal e legislativa dos estados e municípios. 

Uma das principais críticas à reforma diz respeito à substituição da  autonomia fiscal dos entes federativos por um modelo de gestão compartilhada. Há uma  corrente que defende que a mudança pode comprometer a capacidade dos entes  federativos de legislar independentemente sobre seus tributos, tornando-os  dependentes das decisões do Comitê Gestor. A uniformização das regras tributárias, a  despeito da finalidade de simplificar o sistema, pode não atender às complexidades  regionais. 

De outro lado, a reforma tributária também é defendida como um avanço no  fortalecimento do pacto federativo. O novo modelo busca eliminar a “guerra fiscal” entre  os estados e municípios, além de promover maior transparência na arrecadação e  distribuição de tributos. A criação do Comitê Gestor é vista, sob esse viés, como uma  medida apta a garantir a participação ativa dos entes na administração do IBS, de modo  a assegurar um modelo de gestão tributária mais cooperativo e representativo. 

Outro ponto relevante é a posição dos municípios no novo sistema tributário.  A Constituição de 1988 conferiu aos entes municipais autonomia administrativa,  financeira e legislativa, consolidando o municipalismo no Brasil. No entanto, na prática,  muitos municípios enfrentam dificuldades financeiras e técnicas para exercer essa  autonomia de forma efetiva. A criação do Comitê Gestor e a adoção do IVA-Dual são  apontadas como medidas que podem fortalecer a participação municipal no debate  tributário e reduzir conflitos judiciais relacionados às bases de incidência e à  competência tributária entre estados e municípios.

A experiência internacional também tem sido objeto de referência para a  identificação dos impactos da Reforma Tributária sobre o pacto federativo. Modelos  adotados no Canadá e na Índia, segundo estudos prévios promovidos e  concomitantemente aos debates instaurados durante o processo legislativo da reforma, indicam que é possível implementar um sistema tributário mais simples e eficiente sem  comprometer a autonomia dos entes federativos. A centralização da arrecadação e a  uniformização das alíquotas podem contribuir para a redução das desigualdades  regionais. 

A reforma tributária, então, apresenta tanto desafios quanto oportunidades  para a preservação do pacto federativo. Se, de um lado, a gestão compartilhada pode  reduzir a autonomia fiscal de estados e municípios, de outro, a previsão de um Comitê  Gestor com representação dos entes federativos pode fortalecer a cooperação e  promover maior equilíbrio na distribuição dos recursos. A implementação das regras  trazidas pela reforma, em especial na estruturação e no funcionamento do Comitê  Gestor, deverá ser cuidadosamente observada para a compreensão dos impactos efetivos à autonomia dos estados e municípios. A obra Tributação Sobre o Consumo: CBS, IBS e Imposto Seletivo aprofunda a  análise do pacto federativo e da gestão fiscal no contexto da reforma tributária, ao  examinar as competências atribuídas aos novos tributos pelo texto constitucional e os  critérios de repartição de receitas entre os entes federativos, além de apresentar uma  abordagem ampla e detalhada de todos os aspectos da reforma, com uma visão extensa  das mudanças, seus impactos e desafios.

Autores: Eduardo Muniz Machado Cavalcanti e Daniela de Sousa Teixeira.

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