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Reforma Tributária: entre idas e vindas, agora foi
Eduardo Muniz Machado Cavalcanti
18/12/2024
O Congresso Nacional, enfim, deu um passo histórico ao aprovar definitivamente a regulamentação da Reforma Tributária, que agora segue para sanção presidencial. Essa reforma, considerada a mais ampla desde a Constituição de 1988, altera a forma como os tributos sobre o consumo são arrecadados no Brasil, com o objetivo de simplificar o sistema, reduzir distorções e promover maior justiça fiscal. A Câmara, rapidamente, rejeitou e concordou com mudanças promovidas pelo Senado.
Entre os ajustes realizados, encontra-se a devolução de 100% da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e de 20% do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) nas faturas de energia elétrica, água, gás e telecomunicações para pessoas de baixa renda. Essa medida visa aliviar o peso tributário sobre serviços essenciais e proteger as famílias mais vulneráveis. Além disso, a alíquota máxima para os minerais foi ajustada para 0,25%, significativamente inferior ao teto de 1% estipulado anteriormente. Essa mudança foi celebrada por setores produtivos, especialmente aqueles ligados à exportação de commodities, mas também levanta questões sobre o impacto na arrecadação e na sustentabilidade ambiental.
Outra modificação foi a redução de 30% nos tributos incidentes sobre planos de saúde de animais domésticos, atendendo a um mercado crescente e cada vez mais relevante no Brasil. Além disso, promoveu-se a redução de 60% na alíquota geral para medicamentos que não estejam listados com alíquota zero, como forma de promover maior acessibilidade a tratamentos médicos e beneficiar, principalmente, pessoas com doenças crônicas e alto custo de medicação. Os turistas estrangeiros passarão a contar com a devolução dos tributos pagos sobre produtos adquiridos no Brasil e embarcados na bagagem, uma política voltada a incentivar o turismo e o consumo interno, aumentando a competitividade do Brasil como destino internacional. Por fim, as Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) terão mantida a alíquota de 8,5%, garantindo condições específicas para o futebol nacional, reconhecidamente identificado como um setor cultural e de grande relevância econômica para o país.
Embora a reforma tenha como objetivo a simplificação e a modernização do sistema tributário, críticas e desafios permanecem. Especialistas apontam para o impacto fiscal das isenções e reduções, bem como para a complexidade na implementação das novas regras. O sucesso da reforma dependerá, em grande parte, de como as alíquotas serão aplicadas na prática, da capacidade de compensação das perdas de arrecadação e da articulação entre os entes federativos.A reforma tributária representa uma oportunidade para o Brasil corrigir distorções históricas e criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico. As mudanças incorporadas no retorno do texto do Senado refletem uma tentativa de atender às demandas de diferentes setores e faixas da sociedade, mas também, por outro lado, revelam os desafios inerentes a uma negociação política de acomodação setorial ampla e complexa. Com a sanção presidencial, inicia-se um novo capítulo na história tributária brasileira, e os próximos anos serão decisivos para avaliar os efeitos dessa transformação profunda no dia a dia de cidadãos, empresas e instituições.
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