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Minha Amizade Inestimável: O Livro
Guilherme de Souza Nucci
04/12/2018
Há amigos e amigos que vêm e vão. Mas alguns precisam ser considerados permanentes na nossa vida. Penso que, na minha, um deles é o Livro.
O Livro é um companheiro de longa caminhada, iniciada com a alfabetização e cuja estrada me parece infinita. Não há chegada, mas só partida. Quando aprendemos a ler, liberamos em nossas mentes e em nossas vidas, dia a dia, ano a ano, o acesso a infinitos portais para mundos da imaginação, do conhecimento e da cultura.
Meu pai, advogado, e minha mãe, professora, transmitiram-me o amor à leitura; davam ênfase a presentes centrados na literatura. Ganhar um livro era fonte de alegria e satisfação. Na juventude era imenso o prazer de ler Machado de Assis, Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, José de Alencar, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Joaquim Manoel de Macedo, Jorge Amado, Euclides da Cunha, Bernardo Guimarães, Raul Pompéia, Lima Barreto, José Lins do Rego, Mário de Andrade, Ariano Suassuna, dentre tantos outros. Os autores estrangeiros surgiam nos intervalos entre os nacionais.
Ingressando na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, invadi o espaço da literatura jurídica, buscando conhecer a maior parte das obras indicadas pelos meus professores. Fiz parte de um projeto especial da CAPES, coordenado pelos Professores Tércio Sampaio Ferraz Jr e José Eduardo Faria, dando ênfase à introdução do estudo do direito e à filosofia do direito. Mais leituras.
Para o exame da OAB e voltando-me aos concursos públicos, imergi sem pestanejar nos livros de todas as matérias. Depois de ingressar, primeiro no Ministério Público de Minas Gerais, após no Ministério Público de São Paulo e, por derradeiro, na Magistratura de São Paulo, era chegada a hora de um comprometimento ainda maior, agora na academia. Meus estudos de pós-graduação, na PUC-SP, levaram-me à obtenção dos títulos de Mestre, Doutor e Livre-Docente em Direito. Foram incontáveis livros e artigos acadêmicos lidos e relidos.
Passei à ousadia de me tornar um escritor. Obras de Direito Penal, Processo Penal, Execução Penal, Infância e Juventude, Direitos Humanos, entre outros, mas jamais cessando a leitura e a busca por mais conhecimento. O Livro, este meu amigo inestimável, continua ao meu lado todos os dias.
Por que escrevo estas linhas? Porque, lamentavelmente, o país está vivendo uma crise inigualável no tocante ao mercado de livros. É um reflexo de crise ainda maior, há muito anunciada. Deixamos de valorizar o conhecimento. A cultura. Para não dizer, o intelecto.
Penso não ser mais possível que nós, brasileiros, permitamos o caos nesse campo primordial para a construção da formação cultural de um povo.
O cenário atual do mercado livreiro é também reflexo de uma posição que não dá o devido valor ao estudo, ao trabalho intelectual.
O Livro nos forma e reforma como pessoas mais sábias, independentes, autoconfiantes e determinadas, dando a cada um condições de atingir os próprios objetivos.
Em minhas obras compartilho histórias, atalhos, experiências, resultado de todo conhecimento que absorvi, colhi e semeei em 5 anos de graduação, 15 anos entre mestrado, doutorado e livre docência, décadas de pesquisa somadas a outras décadas de carreira pública. Todo esse trabalho, em diferentes gradações, nuances e profundidades, está contido em cada letra da página de um livro.
Não importa o veículo, o formato, a tecnologia: computador, tablet, smartphone, e-reader ou o que mais possa surgir para acessar o conteúdo de um livro… Sob minha ótica, um conselho: leia! Valorize o estudo, o conhecimento. Desperte a sua curiosidade para esse maravilhoso mundo de hoje que muda a cada piscar de olhos.
É hora de nos unirmos para valorizar as livrarias, em espaços físicos ou digitais, onde temos a oportunidade democrática de escolher o que ler. E muito mais do que isso: é momento de valorizarmos o estudo, o conhecimento e a cultura.
O esforço intelectual que está na base da solidez de um país.
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