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TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Regina Pedroso

Regina Pedroso

19/11/2015

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Eu não poderia deixar de atender o pedido exagerado de um amigo – inclusive da época da Faculdade de Direito, parceiro de filosofia de ”busão” após nossas aulas – sobre um post em minha página acerca do vídeo do “aprendedor” Murilo Gun (http://www.murilogun.com.br/habilidades).

O pedido, “que caraca, tentei assistir, mas ele fala demais. 4hs de vídeo, não dá. Roda, roda, roda. Resume aí para gente e fala quais são as palavras. Rs.”, seguramente valia a pena ser atendido. Sabendo do quanto esse conteúdo é importante, resolvi comentar e resumir um pouco do que entendi a respeito das 4 Habilidades Profissionais do Futuro tratadas no vídeo, com intuito de provocar uma reflexão entre os colegas da área do Direito e Negócios.

Inicialmente, o vídeo discorre sobre as inteligências mapeadas por Howard Gardner, estudioso da área da psicologia cognitiva comportamental e educacional, que elaborou um trabalho em Harvard chamado “Teoria das Inteligências Múltiplas”, as quais seriam os tipos de inteligências existentes: lógico/matemática, espacial/visual, linguística/verbal, corporal/motora/cinestésica, musical, interpessoal (social), intrapessoal (autocontrole), naturalista e existencialista.

Na sequência, Murilo discorre rapidamente sobre os Testes de QI (Quociente de Inteligência), que avaliam as inteligências lógico matemáticas, especial/visual e linguística/visual, fazendo um interessante paralelo com o momento atual de mudança de era (Era Pós Digital), onde temas como inteligência artificial e robótica se apropriaram, para seu desenvolvimento, justamente destas 3 inteligências, tornando, nestes quesitos, a máquina melhor que o homem. O que faz muito sentido e aí está o ponto de reflexão com relação a atuação e habilidades dos profissionais futuros.

Entendo assim, que o que antes poderia ser o nosso objeto de fixação em melhorar (desenvolver x ou y habilidades para o mercado de trabalho) já não faz mais tanto sentido, pois a máquina é mais eficiente e não há dúvidas. Não exito em recorrer da tecnologia para suprir minha falta de desenvoltura na área lógico matemática, por exemplo, e confesso que todas as vezes que tentei melhorar essa habilidade, além de ter me causado uma certa tristeza, não fui feliz profissionalmente. Não era boa nessa área e, por mais que o trabalho exigisse, o resultado era ruim para todos os lados.

O que nos leva a considerar as tais áreas de investimento, citadas no vídeo, que são as inteligências corporal (ligadas ao domínio do corpo), musical e naturalista, além das áreas de prioridade, que seriam a inteligência interpessoal (social) e intrapessoal (íntima), ambas emocionais. Em resumo, arrebato com uma frase do Murilo que diz tudo: “O diferencial do ser humano é ser humano”.

O profissional do futuro, quer seja no ramo do direito, negócios ou qualquer outra atividade, deve estar atento para o fato de que nestes aspectos a máquina não poderá substituir o homem. Esta é a consciência que deve se ter hoje. O profissional deve explorar habilidades sociais, emocionais e manuais que não podem ser exercidas por computadores.

É citado também o trabalho “The Future Of Employment. How susceptible are jobs to computerization?” da Universidade de Oxford por Carl Frey e Michel Osborne, onde se destaca como competências : a capacidade manual e artesanal, a capacidade social – que envolve habilidade de negociação, persuasão, empatia e carinho (sim, carinho máquina não faz!) – e, por fim, a criatividade, que seria, basicamente, pensar diferente.

Por fim, o autor finaliza com a apresentação do que ele considera 4 habilidades do professional do futuro, que são as capacidades: interpessoal/social, intrapessoal/emocional, criatividade e artificial, importada da sua experiência na “Singularity University” – um centro de estudos de inovação que fica nos Estados Unidos, California, mais especificamente junto a uma base da Nasa (http://singularityu.org).

Pois bem. O que me motivou atender de pronto o pedido amigo foi acreditar que precisamos olhar o mercado de trabalho jurídico e de negócios de forma mais “humana” e usar e abusar da tecnologia disponível quando o assunto for desburocratizar, acelerar negócios e resolver questões pendentes, gerando melhor fluxo de informações e qualidade nas tomadas de decisão.

Esses dias, passei a falar entre conhecidos da importância do mapeamento de processos para o Judiciário e o Extrajudicial (Cartórios), sob olhares de “ela está louca…”. Pois não estou. É preciso começar a debater iniciativas que facilitam a estruturação da inteligência artificial na área jurídica, tanto como a ‘’humanização” dos colegas no que diz respeito a conciliação e negociação, sem falar no prazer de trabalhar que afeta relações profissionais e sociais de forma profunda.

E quais seriam os recursos hoje disponíveis? Aplicar design e design thinking na área jurídica, vivências sensoriais que despertam a consciência profissional sobre propósito e habilidades, repensar os modelos de organização dos escritórios de advocacia, estimulando a cooperação e a cocriação de soluções com criatividade, olhar para as técnicas de negociação e conciliação como inteligências a serem desenvolvidas por todos independentemente da área ou expertise, entre outras formas de preparar o ambiente presente para a tal Nova Era.

Sabemos que a atividade jurídica é uma das que mais provoca a mudança de área (mudança de carreira), insatisfação e stress por conta de uma frustração que assola a atividade e precisa ser observada para que o exercício da advocacia, sobre tudo, volte a ser de fato o exercício de uma Ciência Humana preservando relações, precavendo litígios e causando impacto social e econômico.

Hoje, o Luís deixou o Direito para ser feliz e empreender em Paris, com um trabalho adorável chamado França entre Amigos cujo recomendo a todos (http://www.francaentreamigos.com.br) e sem dúvida explora muito bem o seu potencial humano, social e profissional. Eu sigo ligada ao direito, mas com os olhos da Fomenta (www.fomentagestao.com.br) para inovação e um desejo profundo de que a atividade jurídica e negocial seja cada vez mais moderna e humana em todas as suas acepções.


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