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Intercâmbio nos EUA: uma visão geral para alunos de graduação em Direito

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Luiz Dellore

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14/09/2020

Se você é estudante de graduação em Direito e está pensando em fazer um intercâmbio em alguma faculdade nos EUA durante seu curso, este texto é fundamental: entenda como funciona, o que esperar, como precisa ser seu nível de inglês e então, boa viagem e bons estudos!

Luiz Dellore


por [1] Joud Bayeh

Já se tratou nessa coluna sobre diversos temas relativos a estudar Direito fora[2], especialmente do ponto de vista de pós-graduação. Ocorre que, quando se fala em estudar no exterior, pelo menos para a maioria de alunos universitários que acessam este portal, imagino que a primeira ideia que vem à mente é a do intercâmbio durante a graduação.

Em 2012, enquanto aluno da graduação de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), tive a oportunidade de estudar por um ano nos Estados Unidos, mediante a parceria da UPM com a Pittsburg State University (PSU), localizada no Kansas e que é uma dentre tantas outras universidades em tantos outros países que também estabeleceram algum tipo de parceria com a UPM.

O que estudar nos EUA?

Como já explicado em texto anterior de Jordão Violin[3], as faculdades de Direito americanas (“Law Schools”) funcionam como uma espécie de pós-graduação, não sendo, portanto, em regra acessível a um aluno que ainda está na graduação em Direito no Brasil. Neste caso, usualmente o intercâmbio deve ser feito para um curso de “undergraduate”.

“Undergraduate” seria o equivalente à nossa graduação, fato este que gera a primeira dúvida: em que curso um aluno de graduação em Direito no Brasil vai se matricular na universidade americana?

Como também já esclarecido por Jordão Violin, existem programas de “undergraduate” focados na preparação para as “Law Schools”, como “Criminal Justice”, “Justice Studies” e “Pre-law”, como também uma variedade incontável de outras opções que tangenciam em certa medida o Direito, como “Political Science” e “Sociology”.

De fato, para o aluno de intercâmbio, o programa escolhido não é tão relevante, haja vista a liberdade que o intercambista tem de escolher as matérias que vai cursar. Em minha experiência, participei do programa de “Justice Studies” da PSU, mas tive a oportunidade de cursar matérias de economia política internacional, oratória e francês, por exemplo, desenvolvendo habilidades muito úteis à carreira jurídica, mas que não faziam parte da grade de matérias oferecida pelo programa que estava matriculado.

No âmbito jurídico, é possível cursar matérias como introdução ao sistema de justiça, Filosofia do Direito, Direito Constitucional, Criminologia, Processo Penal, Direito Administrativo ou ainda, matérias não tão tradicionais, como Direito no Cinema e Literatura, “Serial Killers” e Mulheres, crime e justiça. Ou seja, aquela ideia de que o intercâmbio para um aluno de direito nos EUA vai ser, entre muitas aspas, “inútil” à formação do aluno brasileiro é um mito, porque, muito embora em regra os créditos cursados na universidade americana não sejam contabilizados como créditos cursados na universidade brasileira, é possível ir para lá sabendo quais matérias cursar e tirar proveito disso para sua área de pesquisa do trabalho de conclusão de curso (TCC), ou ainda, para desenvolver habilidades de oratória e aprender um novo idioma.

Meu nível de inglês é bom o bastante?

Outra dúvida que surge quando se pensa em fazer um intercâmbio é a barreira linguística. De fato, conhecimento em inglês é um pré-requisito para estudar nos EUA. Contudo, analisando friamente os requisitos da maioria das universidades americanas, a nota necessária na prova do TOEFL para os alunos dos programas de “undergraduate” varia entre 70 e 90 pontos, de 120 possíveis.

Olhando por esta perspectiva, fica evidente que não é necessário ter o inglês de um nativo para atingir o nível desejado pelas universidades, sendo perfeitamente possível atingir a nota com um nível razoável do idioma. Treinar o modelo da prova é uma dica preciosa para não se perder no tempo das questões e não ser pego de surpresa.

Quanto custa o intercâmbio?

A questão financeira é outro ponto importante na hora de avaliar a viabilidade do intercâmbio. Muitas universidades americanas que tem parcerias com universidade brasileiras oferecem preços reduzidos de suas “tuitions” para incentivar o intercâmbio de alunos, havendo situações inclusive de isenção total dos valores, como no caso da PSU.

Além disso, outros gastos necessários são as passagens aéreas, seguro saúde (obrigatório), moradia, alimentação e livros.
Moradia e alimentação normalmente são oferecidos pela universidade, em alojamento estudantil e no restaurante universitário. Embora seja a opção mais prática, não é necessariamente a mais barata, sendo possível baratear sua experiência caso opte por morar fora do campus.

Em relação aos livros, lá nos EUA a prática de tirar fotocópias de livro é muito pouco utilizada, por questões legais. Sendo assim, os alunos na maioria das vezes precisam comprar seus “textbooks”, que são muito mais caros que no Brasil. Em contrapartida, lá é muito disseminada a compra e venda de livros usados, inclusive são transações intermediadas pelas livrarias locais. Ou seja, você consegue comprar no início do semestre seus livros de segunda mão e, ao término do semestre, reaver parte do seu dinheiro na revenda destes livros para os alunos que desejam cursar a mesma matéria no semestre seguinte. Há, ainda, a opção de aluguel do livro (em livrarias ou “on-line”), com devolução ao final do semestre.

Por fim, encerrando a questão financeira, é importante salientar que trabalhar nos EUA é terminantemente proibido para um aluno com visto de intercambista. A única prática aceitável são os chamados “on campus Jobs”, ou seja, trabalhos dentro do campus. Eu, por exemplo, fui repórter do jornal universitário, chamado “The Collegio”, cujo trabalho era fazer a cobertura dos eventos universitários, como jogos de futebol americano, formaturas e eventos culturais. Mas existem muitas outras opções em um campus universitário, trabalhando na biblioteca, nos escritórios e secretarias ou no restaurante universitário, sempre limitado a 20 horas semanais.

Vida universitária

A rotina de um aluno de intercâmbio pode ser bem agitada. As universidades americanas oferecem uma infinidade de atividades, grupos e coletivos e infraestrutura de ponta. Além das aulas regulares, que tomarão um tempo considerável do seu dia (entre aulas e preparativos para a aula), o aluno pode se matricular na academia, nas aulas esportivas ou ainda aprender um novo idioma.

A depender da universidade escolhida e da época do ano, será possível assistir às ligas universitárias de Basquete, Futebol Americano, Voleibol ou Hockey no Gelo. Os eventos esportivos são uma atração à parte na comunidade universitária, que normalmente movimentam a cidade inteira, que se dirige ao estádio do campus para torcer pelo time local.

Além disso, muitas atividades culturais são promovidas pela própria universidade como concertos e apresentações, e também pelos grupos e coletivos ativos na universidade, a exemplo da Associação de Alunos Indianos, que todo os anos promovem no campus da PSU o famoso Festival das Cores (Holi).

O retorno

Após o retorno do intercâmbio nos EUA, algumas coisas estarão diferentes. A primeira delas é que, em regra sua antiga turma na faculdade de Direito estará agora um ou dois semestres a sua frente e você se encontrará em outra turma. É importante você perceber que este suposto “atraso” na sua graduação na verdade foi um investimento que certamente trará bons retornos. O primeiro retorno será a sua proficiência no idioma. Independentemente da sua nota no TOEFL antes de ir ao intercâmbio, você perceberá nitidamente sua melhora na fluência do idioma.

Além disso, você terá criado uma rede internacional de contatos, inclusive profissionais, não só com americanos, mas com intercambistas de todas as partes do mundo que você provavelmente terá conhecido.

Ademais, o mercado de trabalho, sobretudo empresas multinacionais, valorizarão muito seu currículo por conta desta experiência internacional, sendo um diferencial para programas de Trainee e estágio.

Por fim, toda a sua experiência acadêmica e habilidades desenvolvidas dentro e fora da universidade americana contribuirão fatalmente para você se tornar um profissional melhor, que consegue assumir maiores responsabilidades e um estudante que consegue visualizar o Direito sob uma perspectiva mais ampla, que só quem estudou outras disciplinas em outros países seria capaz de ter.

Assim, a você, estudante de graduação em Direito que pensa num intercâmbio, fica minha sugestão de realmente se empenhar nisso, pois a experiência é bastante positiva.

Bons estudos!


[1]JOUD BAYEH – Advogado, graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com um ano de intercâmbio em “Justice Studies” na Pittsburg State University. Especialista em Direito Tributário pela FGV. Graduando em Políticas Públicas pela Universidade Federal do ABC.

[2]Vide texto anteriores aqui.

[3] Conferir “Quem estuda Direito nos Estados Unidos?”.


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