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Adriano Alves

Adriano Alves

17/09/2015

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Palavras envelhecem. Seus significados, muitas vezes, perdem força; outras, em certos contextos, perdem a correção discursiva, ou ideológica, como se dizia antigamente.

Uma delas é “raça”, quando se refere ao ser humano. Seu uso, hoje, mais do que arcaico, revela conceitos de outros tempos, atrasados e… racistas!

No século XIX, quando a escravidão era comum em países como EUA ou Brasil, o termo servia para evidenciar diferenças, para segregar, para hierarquizar as pessoas, chamando umas de melhores, outras de piores.

Você assistiu ao filme “Django Livre”, de Quentin Tarantino? Em certa cena, o personagem de Leonardo DiCaprio serra um crânio, que teria sido de um escravo. Sua intenção era mostrar, na ossada, uma marca, um sinal que só haveria em negros, algo que justificasse a ideia de que eles nasceram para servir.

Tudo bem que é preciso respeitar a mentalidade de cada época, mas o pior é que esse absurdo revestia-se de pressupostos científicos, ou cientificistas; havia, por exemplo, o determinismo, que dizia que as pessoas são determinadas pelo meio, pela raça e pelo momento histórico.

É claro! É inegável que o meio nos influencia; mas influenciar é uma coisa, determinar é outra. A origem pobre de Machado de Assis, por exemplo, não foi suficiente para determinar-lhe o futuro.

Pior mesmo é quando descobrimos que o filme “Rio”, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, possui conteúdo determinista. No enredo, sugere-se que, no Brasil, o calor tropical apresenta-se como meio determinante, que faz tudo dançar; aqui, entrega-se à diversão absoluta; a passarada salta para a folia, assim como o carnaval nunca termina. Há um passarinho, amarelinho, que voa com um pandeiro e um grupo de mulatos corruptos.

No mesmo filme, a moça que mora em país frio, em meio ao inverno e à neve, trabalha em uma livraria, cercada por livros e cultura.

Está aí o determinismo em relação ao meio geográfico; para o filme, o calor impede-nos de estudar ao mesmo tempo em que nos impele à diversão; outro preconceito do filme, os mulatos, em geral, são corruptos.

Determinismo é herança maldita do século XIX que escorre, ainda, pelo XXI.

O que fazer?

Antes de qualquer coisa, é importante tomar consciência disso! É bom começar por não usar a palavra raça quando se referir ao ser humano. A palavra exagera diferenças. Quem tem raça é cachorro; entre eles, há indivíduos muito diferentes uns dos outros; há cães que chegam a ser vinte vezes maiores do que outros.

Entre nós, use o termo etnia! Não é que sejamos iguais; mas o que nos une é maior do que o que nos separa. Além do mais, nossas diferenças fazem com que sejamos, apenas, diferentes, não melhores.


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