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Cinema e Direito Nº 1: “Os Desajustados”

DIREITO DO TRABALHO

DIREITO E CINEMA

LEI 13.429/2017

OS DESAJUSTADOS

REFORMA TRABALHISTA

Marco Aurélio Serau Junior

Marco Aurélio Serau Junior

27/12/2018

Principio no GEN JURÍDICO uma série de postagens sobre Direito e Cinema.

Começando pelo interessante filme “Os Desajustados”, dirigido pelo cineasta islandês Dagur Kári, que foi premiado no 65º Festival Internacional de Berlim (2015).

Essa obra permite algumas ilustrações sobre alguns temas de Direito do Trabalho.

O filme retrata a história de Fúsi, um homem de 43 anos que ainda mora com a mãe e não tem namorada nem amigos, dedicando-se apenas a seu monótono trabalho de descarregador de bagagens no aeroporto de sua cidade e a suas brincadeiras com maquetes da 2ª Guerra Mundial, ouvir heavy metal e manipular seus carrinhos de controle remoto.

Em dado momento Fúsi faz amizade (obviamente polêmica) com uma garotinha de 8 anos chamada Hera, vizinha de prédio, com quem passa alguns momentos brincando. Também engata um (praticamente platônico) namoro com Sjöfn, uma moça que conhece em um curso de aulas de dança country (!) e se apresenta como florista, mas na realidade trabalha como gari.

Uma primeira situação interessante narrada pelo filme consiste em determinada passagem em que Fúsi, obviamente apaixonado, propõe-se a trabalhar no lugar de Sjöfn na empresa de coleta de lixo, tendo em vista que esta passava por um momento de depressão muito aguda. O supervisor de Sjöfn estranha tal pedido, mas acaba consentindo e Fúsi passa uma temporada como coletor de lixo no lugar de sua namorada.

Essa situação esdrúxula e tragicômica questiona um dos postulados básicos do Direito do Trabalho: a pessoalidade como característica daquele que se encontra na posição de empregado (art. 3º, da CLT).

Ao mesmo tempo, também ilustra um fenômeno que não pode ser desprezado no âmbito das relações de trabalho contemporâneas: vêm ganhando espaço uma certa perspectiva de fungibilidade das pessoas nas relações de trabalho, a exemplo da possibilidade de terceirização irrestrita de mão-de-obra (conforme a Lei 13.429/2017 e a Reforma Trabalhista), bem como, de modo mais amplo, a partir da concepção de uberização do trabalho.

Por outro lado, quando a personagem Fúsi substitui sua namorada no posto de trabalho, também se verificam outras situações relevantes para o Direito do Trabalho atual.

Fúsi, a personagem central do filme aqui tratado, é uma figura muito obesa e possui problemas de dicção, o que motivava a prática de assédio moral horizontal de seus colegas de trabalho na atividade de descarregador de bagagem no aeroporto. Ali não possuía amigos nem qualquer forma de relacionamento social.

Ao trocar de emprego, assumindo as funções de sua namorada na empresa de coleta de lixo, Fúsi ganha alguns amigos dentre seus colegas de trabalho, que o admiram pelo seu zelo na forma de trabalhar e o convidam para atividades fora do local de trabalho, como assistir a jogos de futebol e tomar cerveja.

O fator de identidade no e a partir do trabalho permitiu à personagem reconstruir sua conduta e personalidade, adquirindo autonomia para sua própria vida.

Atualmente, com a perda da identidade profissional e o fim de muitas profissões tradicionais, tem-se observado, do ponto de vista do Direito do Trabalho, mas também da Sociologia e Psicologia do Trabalho, o impacto emocional e pessoal de perda de identidade daquelas pessoas inseridas nas relações modernas de trabalho.

O filme “Os Desajustados” é muito interessante e possibilita reflexões não apenas sobre o Direito do Trabalho, mas, sobretudo, a respeito da vida e das questões de identidade e amor-próprio.

Espero que tenham apreciado este novo segmento da Coluna, que se agrega às já tradicionais postagens sobre Direito Previdenciário, Processo Civil e Direito do Trabalho – além de uma brincadeira ou outra sobre futebol, música e literatura.

Desejo a todos um excelente Natal e ótimo final de ano.

Em 2019 retomamos esse novo caminho de nossas postagens no GEN JURÍDICO.


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