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Homenagem à Ada Pellegrini Grinover
Ada Pellegrini Grinover
14/07/2017
“Quarenta anos de atividades acadêmicas e profissionais, pontilhadas de episódios tristes e divertidos. Quarenta anos de conquistas e derrotas, compartilhadas com companheiros de caminhada. Muita luta, muitas batalhas, alguma guerra, com aliados e inimigos. Uma vida plena, mas árdua. E ainda estamos aqui, apostando no futuro.
Futuro curto ou longo, mas denso, como o foi o passado. Sem tréguas, sem descanso. Pois o descanso a Deus pertence, e Deus pode estar distraído.
Por outro lado, a vida também é diversão, para quem sabe rir dos outros e de si mesmo. E até das instituições, que nada mais são do que um compêndio dos homens e mulheres que as fazem.”
Ada Pellegrini Grinover – in memoriam.
Morreu nesta quinta-feira (13/7) a Profª Ada Pellegrini Grinover, uma das processualistas mais reconhecidas do País. A jurista participou da elaboração de diversas normas relevantes, como o Código de Processo Penal, Código de Defesa do Consumidor, Lei de Interceptações Telefônicas, Lei de Ação Civil Pública e Lei do Mandado de Segurança.
A também professora foi autora de diversas obras jurídicas, muitas delas publicadas pelo Grupo Editorial Nacional. Entre elas, neste momento, destacamos sua obra “A professora da USP”, lançada em 2011 pela Editora Forense Universitária, livro biográfico em que a autora conta sua história como uma professora universitária que marcou sua época com a desenvoltura que poucas mulheres teriam tido naquele tempo em que ela iniciava sua vida profissional.
Aos 84 anos, com espírito revolucionário, suas citações serão sempre eternizadas com sua mistura incomparável de tradição e modernidade: “A quem se dirige hoje o povo, sofrido e angustiado? Para onde leva seus dramas, de quem aguarda solução? São essas as perguntas que haverão de fazer-se, vocês que escolheram as belas frases de Roberto Freire para a mensagem inicial da sua turma. E não será difícil encontrar respostas. Basta olhar à sua volta para ver programas televisivos oferecendo simulacros de julgamentos, com os falsos profetas da era eletrônica a utilizarem figuras caricatas de juiz, promotor e defensor, ícones ridículos a quem homens e mulheres desesperados rendem homenagem, depositando a seus pés as melhores esperanças; ou para ver reportagens deprimentes e aviltantes ocuparem grande espaço, parodiando trabalhos policiais e alimentando, senão a tendência, ao menos a resignação em face da violência, vista como uma realidade inexorável. O certo é que ninguém mais sabe onde buscar justiça, enquanto cresce o descrédito no Poder Judiciário e se multiplicam as formas violentas de defesa de mão própria. E os operadores jurídicos? Estes, em sua grande maioria, simplesmente aguardam em seus gabinetes, isolados como em torres de marfim, que alguém os descubra e lhes peça socorro.
Um socorro que, na maioria das vezes, será tardio e inútil.
Vão às ruas, ocupem o lugar da mídia, valorizem seu trabalho, envolvam-se, comprometam-se. Ajam. Vocês têm o direito a seu lado e a justiça nas mãos. Utilizem seus conhecimentos para servir ao direito e para fazer justiça. É essa a expectativa da sociedade. É isso que seus pais, seus companheiros, seus filhos, seus professores, seu patrono, sua paraninfa esperam de vocês.”