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O “concursando”
Gabriel Lino
12/04/2018
O concursando. Quem é essa pessoa?
Um esclarecimento inicial: a palavra concursando não está no dicionário. A palavra concurseiro também não está.
Ambas, porém, são usadas com certa frequência para designar as pessoas que se dedicam aos estudos preparatórios para os concursos públicos.
Eu costumo utilizar concursando.
E explico o porquê da escolha.
A palavra concurseiro deixa a impressão de se referir a um ofício, uma profissão, algo permanente, duradouro. É o mesmo sufixo utilizado em palavras como pedreiro, engenheiro, marinheiro.
Assim, fica a ideia de que alguns estudantes seriam eternamente concurseiros.
Contudo, para o bem do concursando e sucesso de seus projetos, espera-se que não seja assim. A preparação para os concursos deve ser apenas uma fase da vida profissional e, num certo momento, transformar-se em passado, com o ingresso na carreira buscada.
Por isso, prefiro a palavra concursando, que utiliza o mesmo sufixo de orientando, formando etc., representando uma etapa de passagem, que tende a ser ultrapassada.
Na concretização dos sonhos do estudante, sem dúvida, será preciso desenvolver a capacidade de evoluir gradativamente e assim, virar sucessivas páginas da própria vida.
Abandonar velhos hábitos e práticas para adquirir outros, melhores, mais saudáveis e produtivos. Numa última etapa, no momento oportuno, abandonar a própria vida de concursando, para realizar-se profissionalmente na carreira escolhida.
Por essas razões, utilizo a expressão concursando.
Mas volto à questão: quem é essa pessoa?
São tantas pessoas diferentes numa só função.
São homens e mulheres, uns mais jovens, outros de mais idade, uns paulistas, outros cariocas, alguns sulistas, talvez nortistas, muitos nordestinos, pessoas de todas as origens, raças, cores e crenças.
São seres humanos que acreditam na possibilidade de alcançar melhores posições profissionais e pessoais pelo seu próprio esforço, pelos seus estudos.
Numa época em que muitos apontam o servidor público como um grande mal na sociedade brasileira, ainda há quem acredite na seleção impessoal e republicana que se realiza num concurso público e na possibilidade de entregar sua força de trabalho e, em última análise, seu tempo de vida, ao serviço em prol do público.
No individualismo extremado que presenciamos todos os dias, acha-se um ponto de equilíbrio: dedicar-se com afinco aos estudos, melhorar a própria vida, com remuneração digna e segurança, e, em contrapartida, colocar sua inteligência e força de trabalho a serviço das causas coletivas.
Seguimos então acreditando: (i) na perspectiva de que o Estado tem um relevante papel a cumprir na estrutura social; (ii) no servidor público como peça essencial na construção de uma cultura de valorização dos bens coletivos; (iii) no concurso público como instrumento republicano de seleção dos quadros públicos; (iv) no projeto de vida de tantos concursandos, que se entregam aos estudos, na esperança de alcançar melhores posições profissionais e pessoais.
Aos estudos, concursandos!
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