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Novos Dados sobre Emprego e Desemprego no Mundo

José Manuel de Sacadura Rocha

José Manuel de Sacadura Rocha

07/12/2023

Nossa pesquisa inicial havia terminado em dezembro de 2019, pouco antes da COVID-19 (ROCHA, 2021). Os dados disponíveis hoje, até maio de 2023, incorporam os anos de 2020 e 2021, e refletem, pois, o “desempenho” da Pandemia de COVID-19 sobre a economia, sobre o trabalho, emprego e desemprego. Optamos por trabalhar com registros que refletem séries históricas de onde se podem deduzir tendências a partir da análise seriada. Parece-nos que os dois anos de “inflexão” patrocinados pela Pandemia de 2020-2021, não alteram as tendências analisadas anteriormente, quando não as reforçam, com relação à diminuição do emprego e aumento de subutilização da mão de obra mundial, potencialmente danoso entre os jovens de 15 a 24 anos. Nos dados publicados até 2019, para a União Europeia (UE), procurámos comprovar as teses diante dos países centrais ao capitalismo, mais desenvolvidos tecnologicamente e com aplicação mais intensiva em automação industrial. Além disso, mostramos os dados de outros países onde o capitalismo possa ser “periférico”, o que reforça a mesma realidade global do trabalho e dos aspectos negativos para a classe trabalhadora. Em 30 de janeiro de 2020, o Reino Unido deixou de ser um Estado-membro da União Europeia. A seguir os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) atuais (2023), comparando-se Mundo, UE, G7 e G20 .

I – TAXA DE EMPREGO (% pessoas empregadas/população em idade ativa (>15))


Organização Internacional do Trabalho (15 de maio de 2023) –
https://www.ilo.org/wesodata/chart/AV8bAbqSM

Os dados para o emprego no mundo demonstram queda acentuada e constante da taxa de emprego desde o ano de 1992; considerando-se períodos decenais, temos respectivamente as seguintes taxas: 1992 – 61,3%; 2001 – 59,9%; 2011 – 58%; 2019 (antes COVID-19) – 56,9%; 2022 (pós COVID-19) – 56,4%; 2023 (projeção) – 56,3%; 2024 (projeção) – 56,1%.

Se considerar-se o emprego para o grupo dos 20 países mais produtivos (G20), as taxas de emprego são praticamente as mesmas, e acompanham de perto a curva decrescente de emprego mundial: 1992 – 62,2%; 2001 – 60,8%; 2011 – 58,1%; 2019 (antes COVID-19) – 56,7%; 2022 (pós COVID-19) – 56,3%; 2023 (projeção) – 56,2%; 2024 (projeção) – 56%.

Para o grupo dos 7 países com PIB maior (G7), as taxas de emprego mostram um “vai-e-vem”, mas com reversão da queda da taxa de emprego, até 2019 (antes COVID-19); no entanto, a partir de 2022, pós pandemia, as taxas de emprego voltam a cair, acompanhando a tendência de diminuição da empregabilidade global: 1992 – 57,2%; 2000 – 57,9%; 2003 – 57%; 2007 – 57,9%; 2010 – 55,6%; 2019 (antes COVID-19) – 58,4%; 2022 (pós COVID-19) – 58,2%; 2023 (projeção) – 58%; 2024 (projeção) – 57,8%.

As evoluções, conforme o gráfico demonstra, são praticamente iguais para o Mundo e o G20. Contudo, observa-se que a partir de 2010 o grupo das 7 economias mais industrializadas (G7), apresentam crescimento contínuo no percentual de empregados (+2,8 pontos % (2010/2019)), demonstrando melhor recuperação da crise de 2008, inclusive durante o período da COVID-19, enquanto o mundo continuava constantemente apresentando uma diminuição persistente na taxa de emprego (-1,2 pontos % (2010/2019)).

Não deixa de ser fato que os 7 países mais industrializados e tecnologicamente mais desenvolvidos, podem atravessar as crises de desemprego e as quedas tendenciais de emprego de forma menos impactante, e por períodos maiores de tempo. De qualquer forma, mais tarde ou mais cedo, voltam a apresentar as mesmas características de abstenção de força de trabalho global.

II – DESEMPREGO (milhões de pessoas em idade ativa (>15))

Organização Internacional do Trabalho (15 de maio de 2023)
https://www.ilo.org/wesodata/chart/pOqjzB_VE

A OIT projeta para 2023 um total de 208,2 milhões de pessoas desempregadas no mundo, e 210,9 milhões em 2024. Isto representa 5,8%, da população mundial economicamente ativa ou da força de trabalho global. No auge da pandemia em 2020, o desemprego atingiu 235,2 milhões de indivíduos, podendo ter chegado, segundo a OIT, a 270,7 milhões. Ainda que se considere a COVID-19 uma situação inesperada, do ponto de vista epidemiológico ou de saúde púbica, não é, do ponto de vista sociológico e político, da realidade de mercado e da extrema concentração de capital, nada inusitado e descontextualizado que os níveis de desemprego, subemprego e precarização se apresentem de forma contínua e persistente, sempre crescentes no nível global (mundial/ G20).

Os dados para o desemprego no mundo demonstram estatisticamente aumento nominal constante desde o ano de 1992; mantendo-se os períodos decenais, temos, respectivamente, os seguintes indicadores (milhões): 1992 – 121,1; 2001 – 172,5; 2011 – 197,9; 2019 (antes COVID-19) – 191,9; 2022 (pós COVID-19) – 205,2; 2023 (projeção) – 208,2; 2024 (projeção) – 210,9.

No período considerado (1992/2022), o desemprego cresceu 69,5% no mundo (de 121,1 milhões para 205,2 milhões); confirmando-se as projeções da OIT, chegaremos a 74,2% de crescimento do desemprego em 2024, ou 89,8 milhões de desempregados a mais desde aquele ano.

De novo, ao considerar-se o emprego para o grupo dos 20 países mais produtivos (G20), as taxas de desemprego são praticamente as mesmas, e acompanham de perto a curva crescente para o desemprego nominal mundial (milhões): 1992 – 89,5; 2001 – 124,0; 2011 – 147,5; 2019 (antes COVID-19) – 131,8; 2022 (pós COVID-19) – 134,9; 2023 (projeção) – 136,3; 2024 (projeção) – 137,7.

Para o grupo dos 7 países com PIB maior (G7), enquanto as taxas de emprego alternam períodos de acréscimo e decréscimo, o número absoluto de pessoas desempregadas aparece agora mais ou menos constante em torno de 22 milhões até o ano de 2008, elevando-se a 30 milhões de desempregados nos anos seguintes, caindo para 16,8 milhões em 2019 (antes COVID-19).

Os números de desemprego para o G7 são (milhões): 1992 – 23; 2001 – 20,7; 2011 – 28,4; 2019 (antes COVID-19) – 16,8; 2022 (pós COVID-19) – 16,0; 2023 (projeção) – 18,3; 2024 (projeção) – 18,8.

Em 2022 (pós COVID-19), o número de desempregados nas 7 economias mais produtivas do mundo, foi de 16 milhões de pessoas, com projeção de 18,3 milhões para 2023 e 18,8 milhões em 2024. Embora estes números sejam ainda menores do que a média histórica dos anos 1990 e primeiro decênio dos anos 2000 (média 22 milhões), e menores que os 30,3 milhões de desempregados em 2010, o desemprego no mundo pós COVID-19 continua crescendo mesmo para o G7 (projeção 18,8 milhões/2024 sobre 16 milhões/2022: crescimento de 17,5%).

III – SUBUTILIZAÇÃO TOTAL DE MÃO DE OBRA (milhões de pessoas desempregadas, fora da força de trabalho e subempregadas)


Organização Internacional do Trabalho (15 de maio de 2023)
https://www.ilo.org/wesodata/chart/NUddr6yUJ

Segundo a OIT: “A soma do desemprego, da força de trabalho potencial e do subemprego relacionado ao tempo fornece a subutilização total da mão de obra, uma medida composta da ociosidade do mercado de trabalho.” (OIT/ https://www.ilo.org/wesodata/definitions-and-metadata/). A força de trabalho potencial é aquela em idade ativa para trabalhar, não empregada, mas que procura emprego ou está disponível para uma atividade remunerada. Já o subemprego relacionado ao tempo, diz respeito às pessoas que possuem tempo de trabalho disponível que, em tese, poderia ser acrescentado às suas atividades, tendo trabalhado menos horas do que seu limite de tempo.

A OIT acrescenta, por vias de uma interpretação comum, que neste caso, trata-se de “emprego inadequado”, não levando em consideração condições estruturais modificadas com celeridade nas atividades de trabalho por vias de introdução de novos mecanismos técnicos e científicos das especialidades do trabalho, dos modelos introduzidos legalmente de contratos de tempo de trabalho parcial, e mesmo da pretensão consciente dos assalariados em obter mais tempo disponível para atividades pessoais (família, lazer e cultura).

Em 2005, a quantidade de pessoas tidas como mão de obra subutilizada, era de 413,2 milhões no mundo; no grupo G20, de 271,7 milhões, e no grupo G7 de 39,7 milhões de pessoas, enquanto na UE (27 países) era de 35,7 milhões.

Dez anos depois, em 2015, existiam no mundo 458,5 milhões de pessoas como mão de obra subutilizada, 285,1 milhões no G20, 43,4 milhões no grupo das 7 maiores economias, e 42,6 milhões na UE.

Para 2019, ano dos últimos dados divulgados para este indicador (subutilização de mão de obra), e antes da pandemia de COVID-19, existia no mundo 470,8 milhões de subempregados, 281,4 milhões no grupo das 20 maiores economias (G20), 33,9 milhões no G7 e, no caso da UE, um total de 31,3 milhões de trabalhadoras e trabalhadores cuja força de trabalho total permanecia disponível.

Desta forma, enquanto no mundo e no G20, a mão de obra total subutilizada sobe (13% e 3,57% respectivamente), no G7 e na UE cai (-14,6% e -12,3% respectivamente) – tomando-se por base o ano de 2005. Isto indica que quando o número de países “pobres” é acrescentado aos países “ricos”, o número de desempregados, procurando emprego e subempregados cresce, o que aponta coerentemente para a desigualdade acentuada entre os países quanto ao mundo do trabalho.

IV – NEETS (% jovens entre 15 e 24 anos)

Organização Internacional do Trabalho (15 de maio de 2023)
https://www.ilo.org/wesodata/chart/iIN4QDiMz

Considera-se NEETS os jovens de 15 a 24 anos que estão fora do sistema educacional, sem treinamento e sem emprego; também inclui jovens fora do mercado de trabalho, força de trabalho que não está em educação ou treinamento. “A taxa de NEET é a parcela de NEET como porcentagem de toda a população de 15 a 24 anos.” (OIT/ https://www.ilo.org/wesodata/definitions-and-metadata/).

A medida dos jovens de 15 a 24 anos que está disponível para adentrar no mercado de trabalho representa no mundo 23,5% da população total para esta faixa de idade (2022). Esta é a maior taxa de ociosidade global da força de trabalho jovem desde 2006; este indicador havia diminuído anualmente até 2012, quando passou a crescer regularmente até hoje. O mesmo acontece para o G20 desde 2014, chegando a 21,7% da população de jovens de 15 a 24 anos. Ao contrário, para a UE e o G7, as taxas dos NEETS são decrescentes desde 2013 – 9,7% e 10% em 2022, respectivamente. Apesar de estes indicadores serem menos prejudiciais nestes últimos blocos econômicos, deve-se lembrar de que se trata dos 2 blocos mais produtivos e tecnologicamente mais avançados no mundo, e ainda assim são 4,7 milhões de jovens na UE, e 9 milhões no grupo das 7 maiores riquezas mundiais, jovens fora do sistema educacional, sem treinamento e sem emprego.

18. nov. 2023/ JMSR.

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