Homenagem a Paulo Nader, um jurista inigualável e um grande amigo

Deixou-nos um grande amigo, Prof. Paulo Nader!

Amigo de décadas. De avós libaneses, trazia consigo os costumes cristãos do oriente com a mineiridade que lhe era peculiar. Seu pai o queria comerciante, mas desde cedo o atraiu o magistério e o Direito.

Desconfiado em quase tudo, demorava a acreditar em novas propostas editoriais, mas quando acreditava, era o último a desistir delas.

Paulo Nader, um jurista inigualável e um grande amigo

Quando apresentou sua primeira obra à Editora Forense, em 1979, eu tinha apenas 11 anos e nunca imaginei que nos tornaríamos grandes amigos a partir de 1992.

A primeira edição de seu clássico Introdução ao Estudo do Direito foi publicada em 1980.

Atualizou-a initerruptamente desde então, tendo entregado a última atualização desta grande obra em outubro de 2022.

Teremos agora no início de 2023, a 45ª. edição deste clássico do Direito que formou gerações de juristas.

Era um escritor exigente, diligente, procurava sempre ficar antenado com as últimas leis e jurisprudências, sobretudo do Superior Tribunal de Justiça cujas decisões influíam em sua Introdução, como também em seu Curso de Direito Civil que publicou pela Editora em seis volumes, dois anos a partir da entrada em vigor do Código Civil de 2003.

Editou conosco também sua Filosofia do Direito que se encontra em 28ª. edição.

Morava em sua querida Juiz de Fora, mas como bom mineiro, o Rio de Janeiro o atraía e ele estava sempre por aqui.

Quando vinha à editora, era sempre uma alegria.

Conversava com todos que tratavam de suas obras, dos revisores aos responsáveis pelas vendas de suas edições.

Homem gentilíssimo, um cavalheiro. Procurava sempre marcar suas visitas para que os editores pudessem estar com ele mais tempo, inclusive em almoços e/ou jantares.

Sempre estava no Rio.

Queria saber dos últimos lançamentos.

Quando ainda escrevia sua coleção de Direito Civil visitou todos os sebos de Rio e São Paulo. Seu escritório em Juiz de Fora era dedicado à escrita.

Tinha uma didática inigualável, mais adequada aos bacharelandos que não prescindiam de indicações de doutrinas estrangeiras e aprofundamentos em questões tormentosas. Era esmerado em ser sempre objetivo, evitar os excessos de citações, e as citações estrangeiras, procurava traduzi-las livremente ao pé de página.

Quando ainda escrevia as primeiras edições de sua Introdução do Estudo do Direito, resolveu fazer concurso para a magistratura. Tendo feito os concursos de Minas e Rio, foi aprovado em ambos.

Como o resultado de Minas saiu primeiro, por lá tomou posse.

Divulgado o resultado do Rio, com sua aprovação, não pestanejou em optar pelo Estado. Embora, em tese, por Minas poderia ficar mais perto da família, no Rio, estado fronteiriço, lhe traria mais chances.

Durante muitos anos foi Juiz de Direito em Vassouras, com um pouco mais de 100 Km rodados, conseguia estar com a família e amigos com assiduidade.

Aposentou-se quando conseguiu a promoção para a Comarca da Capital. Apesar de ter sido um dos planos morar no Rio de Janeiro, sempre preferiu dar aulas e escrever.

Era um exímio escritor e sabia como poucos transmitir o conhecimento com delicadeza e profundidade.

Com profundo pesar, posso dizer que foi um jurista inigualável e um grande amigo.

Deixou-nos todos enlutados com a sua precoce ida para os braços do Criador, mas Deus sempre procura estar ao lado dos melhores.

Requiescat in pace!

Editora Forense

GEN – Grupo Editorial Nacional

Francisco Bilac Pinto

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