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10 dicas práticas para pesquisar jurisprudência na internet

GEN Jurídico
22/09/2025
A pesquisa de jurisprudência é um pilar essencial da advocacia, especialmente no contencioso cível.
Em um sistema jurídico com forte influência de precedentes, como o brasileiro, compreender e citar decisões judiciais é crucial para construir argumentos persuasivos em petições, memoriais e sustentações orais. Com a digitalização nos tribunais e o avanço de ferramentas como inteligência artificial (IA), advogados, estudantes e profissionais de concursos têm acesso a um vasto repositório de acórdãos, ementas e julgados. Contudo, a abundância de informações exige técnica e cautela para evitar erros, como citações desatualizadas ou fictícias, que podem gerar sanções éticas e processuais.
Este artigo apresenta a importância da pesquisa de jurisprudência e oferece 10 dicas práticas para torná-la mais eficiente e confiável. Confira!
O que é jurisprudência?
Jurisprudência é o conjunto de decisões proferidas pelos tribunais que mostra como o Direito se aplica, na prática, a casos concretos. No Brasil, mesmo sendo um país de tradição do civil law, a jurisprudência ganhou enorme relevância: ela não apenas interpreta a lei, mas muitas vezes dá novos contornos a dispositivos legais que, isoladamente, não seriam tão claros.
Ela se apresenta por meio de julgados que servem de referência tanto para advogados, ao construírem petições mais sólidas, quanto para magistrados, ao buscarem uniformizar entendimentos. Pesquisar jurisprudência é, portanto, uma atividade essencial — e exige recorrer a fontes oficiais, como os sites do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dos Tribunais de Justiça (TJs).
Mais do que consultar decisões, é preciso fazer uma leitura crítica e atualizada, garantindo autenticidade e relevância. Afinal, a jurisprudência é o “direito vivo”, em constante movimento, que conecta a teoria à realidade do processo.
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Qual a importância de pesquisar jurisprudência na internet?
A jurisprudência transcende a leitura literal da lei, moldando interpretações em temas como cabimento de recursos, fixação de danos morais e impenhorabilidades. Por exemplo, em um caso o STJ pacificou a possibilidade de penhora de salários abaixo de 50 mínimos, contrariando o artigo 833 do CPC, e reconheceu a taxatividade mitigada do rol do agravo de instrumento (art. 1.015). Estes entendimentos demonstram como a pesquisa online é vital para alinhar argumentos às tendências judiciais, evitando surpresas e reforçando a persuasão. Além disso, protege contra riscos de “alucinações” de IAs, que podem inventar julgados inexistentes, como já ocorreu no Brasil e no exterior, resultando em multas e constrangimentos.
Como pesquisar jurisprudência na internet? Confira 10 dicas:
Para realizar uma pesquisa assertiva, é essencial adotar métodos sistemáticos, priorizando fontes oficiais e ferramentas avançadas. A seguir, apresentamos 10 dicas detalhadas, com exemplos práticos aplicáveis:
1- Adote terminologia técnica e precisa ao citar decisões
A exatidão na linguagem jurídica fortalece a credibilidade. Evite o plural “jurisprudências”, que se refere a conjuntos de decisões em um mesmo sentido, e prefira termos como “acórdão”, “ementa” ou “julgado” para decisões específicas. Por exemplo, em uma petição, escreva: “Conforme a jurisprudência dominante, representada pelos acórdãos abaixo, reconhece-se a incidência desta norma em casos análogos”. Esta precisão evita equívocos e reflete rigor técnico, essencial em contextos como recursos ou sustentações orais, nos quais a clareza reforça a persuasão perante o julgador.
2 – Priorize fontes oficiais dos tribunais para maior confiabilidade
Acesse diretamente os portais oficiais, como os do STJ, do STF ou dos TJs, em vez de confiar em buscadores genéricos ou IAs sem verificação. Por exemplo, ao atuar em um caso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), utilize a seção de jurisprudência do site, que oferece consultas completas e simplificadas. Isso reduz o risco de citar decisões desatualizadas ou fictícias, como já ocorreu em casos de “alucinações” de IA, garantindo que sua argumentação esteja ancorada em fontes primárias e confiáveis.
3 – Domine os conectores lógicos para refinar suas buscas
Operadores booleanos como AND, OR e NOT são indispensáveis para filtrar resultados. No STJ, use “dano moral” AND “atraso de voo” para exigir ambos os termos, “atraso OR demora” para capturar sinônimos, ou NOT “pré-questionamento” para excluir julgados de inadmissibilidade (ex.: súmula 7). Por exemplo, ao pesquisar danos morais por atraso aéreo, combine: “dano moral” AND “atraso de voo” NOT “súmula 7”, reduzindo de 186 para 170 acórdãos relevantes, focando em decisões meritórias.
4 – Utilize conectores de proximidade para buscas mais precisas
Conectores como ADJ (adjacência) ou PROX (proximidade com número de palavras) capturam expressões compostas. No STJ, “dano ADJ moral” garante que as palavras apareçam juntas, enquanto “atraso PROX/5 voo” inclui frases como “atraso de voo internacional”. Isto é útil em casos complexos, como perda de conexão, em que a busca precisa refletir a narrativa do acórdão, evitando resultados genéricos que comprometam a relevância.
5 – Aproveite o truncamento com cifrão ($) para variações de termos
O operador “$” no STJ busca variações de uma raiz. Por exemplo, “atras$” encontra “atraso”, “atrasado” ou “atrasar”. Combine com OR, como “atras$ OR perd$ de voo”, para capturar sinônimos como “perda de conexão”. Em casos de danos morais por falhas em planos de saúde, essa técnica amplia resultados, incluindo decisões que usam “recusa” ou “negativa” (ex.: “recus$ OR neg$” AND “plano de saúde”), garantindo maior cobertura sem padronização rígida.
6 – Consulte tutoriais e vídeos oficiais para aprender técnicas avançadas
Os portais judiciais oferecem guias práticos, como vídeos do STJ sobre conectores (ex.: parênteses, aspas) ou tutoriais do TJSP sobre pesquisa por sinônimos. Dedique tempo a estes recursos; embora subutilizados (ex.: vídeos com apenas 2.000 visualizações), eles ensinam a estruturar buscas complexas. Por exemplo, no TJSP, a opção “pesquisar por sinônimos” elimina a necessidade de listar “atraso” e “demora” separadamente, automatizando a captura de termos correlatos.
7 – Filtre por relator ou julgador para personalizar a persuasão
Restringir buscas ao relator, como a Ministra Nancy Andrighi no STJ, permite alinhar argumentos ao perfil do julgador. Em sustentações orais, cite: “Vossa Excelência, em acórdão de setembro de 2024, reconheceu dano moral de R$ 5.000 por atraso de voo”. Esta tática, usada em memoriais ou agravos internos, evita multas por reiteração, mostrando que a argumentação considera precedentes do próprio julgador, aumentando a eficácia persuasiva.
8 – Limite por data e órgão julgador para identificar tendências dominantes
Filtre por períodos recentes (ex.: janeiro a setembro de 2025) e órgãos específicos (ex.: 4ª ou 5ª Câmara de Direito Privado do TJSP) para capturar a jurisprudência dominante. Em danos morais por atraso aéreo, uma busca de 2025 no TJSP pode revelar valores médios de R$ 4.000 a R$ 5.000, evitando precedentes obsoletos (ex.: R$ 50.000 de decisões antigas). Isso orienta expectativas realistas ao aconselhar clientes.
9 – Use IA apenas como assistente inicial
Ferramentas de IA podem agilizar buscas iniciais, mas exigem verificação. Por exemplo, ao pedir “julgado do TJSP sobre dano moral por atraso aéreo”, a IA pode indicar um acórdão inexistente da 26ª Câmara. Confirme no site do TJSP, checando número do processo e ementa. Pergunte em inglês para respostas mais amplas, mas sempre valide: “Este julgado está no site oficial?”. Essa curadoria evita sanções, como multas de 1% no Paraná (2025) por citações fictícias.
10 – Incorpore a pesquisa como parte viva da sua rotina profissional
Consultar jurisprudência é como explorar um mapa de tesouros: revela o “direito vivo” em movimento. Ao buscar decisões regularmente, você fortalece suas petições e aprende com casos concretos. Mantenha-se atento às tendências acompanhando cursos e redes de atualização, ajustando suas pesquisas conforme novos entendimentos surgem. Esta prática contínua transforma dúvidas em argumentos sólidos, conecta o advogado à linguagem dos tribunais e enriquece cada atuação no processo.
Esperamos que estas 10 dicas práticas fortaleçam sua pesquisa de jurisprudência e elevem a qualidade da sua atuação processual.

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