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Concurso: Ferramenta mental em vez de macete

José Roberto Lima

José Roberto Lima

03/02/2016

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Muitos alunos de inteligência acima da média costumam ser mal sucedidos em concursos. Para eles, o uso da memória de curta duração acaba sendo uma armadilha. Basta que prestem atenção à aula durante cinco minutos para apresentarem o melhor trabalho da turma. Mas, dois dias depois, não sabem mais nada do que foi estudado.

Em geral, esses alunos usam macetes. É o caso, por exemplo, da sigla LIMPE, conhecida no meio jurídico. Ela serve para memorizarmos os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (observe as letras iniciais desses princípios, que formam LIMPE).

O equívoco de muitos alunos é ir direto à sigla, isto é, ao macete, sem antes passar pelo contexto do que deve ser aprendido. Alguns dias após, talvez você não consiga conceituar os princípios memorizados. Mais alguns dias, e a até nominação deles começa a ser esquecida, embora a sigla permaneça como um martelo na sua cabeça.

Por falar em martelo, a palavra “macete” sugere uma ferramenta para martelar. Eis algumas definições do Dicionário Michaelis: “1 Maço pequeno. 4 Maço de madeira, usado por carpinteiros, marceneiros e mecânicos, para bater em escopros, formões etc. 7 gír Recurso astucioso para se fazer ou obter algo”. Portanto, quando o professor lhe passa um macete, golpeia seu cérebro na vã tentativa de enfiar o conhecimento nele.

Melhor sorte têm os alunos que resistem à tentação de ir direto ao macete. Os que passam antes pelo contexto, fazendo análises e revisões, encontrarão nas siglas ou noutros recursos mnemônicos mais que “macetes”. Encontrarão “ferramentas mentais”. Em vez das marteladas do professor, terão suas próprias ferramentas. E com elas serão capazes de, sem golpear o cérebro, acessar na memória todos os conteúdos contextualizados, analisados e revisados.

Nada contra os macetes. Afinal a diferença entre eles e as ferramentas mentais não está nas habilidades do professor, que apenas dá o instrumento. A diferença está no modo de usar, o que compete ao aluno.


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