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PORTUGUÊS JURÍDICO

Emprego dos porquês. Por quê? Por que…? Porque… É o porquê.

ARTIGO

CONJUNÇÃO EXPLICATIVA OU CAUSAL

MOTIVO

NUMERAL

PONTUAÇÃO

POR QUÊ

PORQUÊ

PRONOME

PRONOME RELATIVO

PRONOME SUBSTANTIVADO

Luciane Sartori

Luciane Sartori

14/04/2015

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É muito interessante como as estruturas linguísticas sempre trazem surpresas para as pessoas. Quando falo que o relativo “que” é o sujeito da oração, por exemplo, sempre vejo muitos rostos espantados, parece até uma ofensa, chega a ser engraçado!

Isso pode realmente parecer complexo, mas o que realmente faz com que todos fiquem acabrunhados são as questões mais simples que, apesar de muito mencionadas e estudadas, sempre trazem uma certa dificuldade, como é o caso do emprego dos “porquês”. Por isso, decidi fazer aos caros leitores um roteiro de raciocínio que facilite esse estudo.

De fato, seu emprego não é tão complicado, mas como o problema está no som, que é o mesmo para todos eles, ainda que as funções sejam completamente diferentes, é melhor percebermos a diferença que a grafia assumirá, analisando o contexto, a partir de raciocínios simplificados.

Já estou fazendo um alerta ao raciocínio simplificado, pois o roteiro de aplicação que darei será nesse nível, justamente porque o ponto aqui é a simplicidade da aplicação. Assimilado esse roteiro, aprofundar-se no assunto será uma consequência natural. Então, vamos ao que interessa.

O roteiro que ora apresento deve ser seguido nesta ordem para análise do emprego das quatro formas: porquê, por quê, porque e por que.

1º passo)porquê – inicialmente, atente à palavra que foi empregada antes do “porquê”. Se for um artigo, ou um pronome, ou um numeral, então sua grafia será “porquê”, independentemente de sua posição na frase (começo, meio ou fim):

  • De sua amargura, eu não sei o porquê.
  • Dê-me dois porquês para não comparecer à reunião.
  • Este porquê é que me preocupa.

2º passo)por quê –  agora, não está precedido de palavra determinante, está seguido de sinal de pontuação, no final da frase; então, pessoal, é caso de separação, e sua forma será “por quê”:

  • Ele não veio, por quê?
  • O administrador da empresa não veio e eu não sei por quê.
  • Ela disse não ao noivo no altar, ninguém sabe por quê; por isso ficamos todos estupefatos.
  • Também não sei; não sei por quê… talvez tenha sido por falta de amor…

3º passo)porque – se não estiver no final da frase nem precedido de palavra determinante, ele perde o acento, fica “porque”, e passa a ser sinônimo de “pois”, dando justificativas ou respostas:

  • Ela foi ao médico, porque (=pois) eu vi uma receita médica com o nome dela.
  • Por que você faltou? Porque (=pois) estava cansado.

4º passo) por que – não está no final da frase nem precedido de palavra determinante, mas não é sinônimo de “pois”, então é caso de separação outra vez, mas agora sem acento:

  • Este é a causa por que (? pois) lutamos.
  • Não entendemos por que (? pois) não ganhamos a causa.
  • Por que (? pois) não ganhamos a causa? Nós não entendemos!

Agora, para quem quer aprofundar um pouco o assunto que acabamos de ver, apresento as informações necessárias para isso:

1º passo) O “porquê” é um substantivo sempre acompanhado de palavra determinante, cujo sentido é “motivo”, “razão”.

2º passo) O “quê” é um pronome substantivado, que por coincidência aparece preposicionado por “por”, como poderia ser também preposicionado por “para” e outras preposições: Ele veio aqui e eu não sei para quê.

3º passo) “Porque” é uma conjunção explicativa ou causal, nos exemplos acima: estar cansado é motivo (causa) para faltar, e ter visto a receita médica com o nome da pessoa justifica a afirmativa anterior de que ela havia ido ao médico.

4º passo) Os três exemplos dados revelam duas funções diferentes da expressão “por que”:

a) No primeiro, há a preposição “por” (exigida pela regência do verbo lutar) e o pronome relativo “que”; a expressão equivale à “pela qual”, pois refere-se à causa:

Este é a causa pela qual lutamos.

b) No segundo e no terceiro, sua função é advérbio interrogativo de causa, formado pela preposição “por” e pelo pronome interrogativo “que”, por isso ele será empregado nas perguntas indiretas ou diretas. Para certificar-se desse advérbio interrogativo, pode-se imaginar a palavra “motivo” subentendida à sua frente:

Não entendemos por que [motivo] não ganhamos a causa.

Por que [motivo] não ganhamos a causa? Nós não entendemos!

Resumindo:

Emprego dos porquês

  • acompanhado de palavras determinantes (artigo, pronome, numeral) ? porquê
  • seguido de sinal de pontuação em final de frase (,!?;) ? por quê
  • se a troca por POIS der certo ? porque
  • se a troca por POIS não der certo ? por que

Vamos resolver esta questão, seguindo tudo o que foi falado, mas sigam os passos que passei na ordem de raciocínio que apresentei:

(TRE/RS – julho/2010 – FCC) A lacuna que deve ser preenchida pela forma grafada como na piada – Por quê -, ou pela forma por quê, para que esteja em conformidade com o padrão culto escrito, é a da frase:

(A) Eu não sei o ……de sua indecisão. (o porquê)

(B) ……foi tão inábil na condução do problema? (Por que [motivo])

(C) Ele está tão apreensivo ……? (por quê – final de frase sem determinante antes)

(D) Decidiu somente ontem ……dependia do consulta à família. (porque = pois)

(E) A razão ……partiu sem avisar ainda é desconhecida. (por que = pela qual)

 Sendo assim, pessoal, a resposta só pode ser a c, não é mesmo?

Eu realmente espero que este breve roteiro os auxilie a ter um bom desempenho com o emprego dos porquês daqui para frente.

Um forte abraço e até a próxima!


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