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Exame OAB
EXAME OAB
OAB/FGV – Por que você não passou no último exame e não passará no próximo!
Alvaro de Azevedo Gonzaga
16/12/2014
Advertência: Esse texto não foi escrito para quem nunca prestou o Exame de Ordem. No entanto, se quiser antecipar a leitura, e quem sabe com isso fazer o seu primeiro e último exame, fique à vontade, seja bem-vindo.
Neste texto quero me dirigir aos 82,5% dos candidatos reprovados, aliás, quero me voltar mais especificamente àqueles que já prestaram o exame e não passaram. A denominação pejorativa que já ouvi desses candidatos é REINCIDENTE, como se fosse um crime não passar no Exame de Ordem.
Muitos se desanimam no meio do caminho lembrando o histórico de insucesso do Exame em que não passou. Outros se inscrevem com fé e crença de que sem estudar irão passar. Um amigo meu costuma dizer o seguinte:
“Deus pode e irá lhe ajudar na prova, mas ele não manda o gabarito… portanto, estude”
Crer em Deus, na natureza, ou numa força sublime é algo edificante. É na fé que em diversas situações encontramos a força que precisamos para estudar, mas, para o Exame de Ordem, não pode ser a única.
Quero aqui propor um exercício para você que nos lê e é mais que reincidente, é um PERSISTENTE. Ser persistente é bom, muitas vezes sua atual namorada ou namorado, marido ou esposa sucumbiu à sua persistência e hoje você constrói uma estória bonita; muitas vezes sua persistência fez com que hoje conseguisse se formar na Faculdade de Direito, mesmo com tudo parecendo contrário a você. A persistência é uma força que brota em cada um.
Sem querer, falamos de dois, dos três “F”, que todos se referem para provas e concursos:
FÉ, FORÇA e FOCO
Falamos de fé, de um pouco de força com a persistência, e podemos mencionar agora sobre foco, que traz força e aumenta a fé na aprovação.
Quando chega o fim do ano, as promessas brotam mais que clips em escrivaninha (porque os clipes se multiplicam e as canetas somem). Prometemos emagrecer, estudar, trabalhar menos com aquilo que não gostamos, dedicar mais tempo para o lazer etc. E o ano vem, as obrigações e compromissos se impõem, e temos mais um ano atropelado pela nossa própria indisciplina.
No Exame de Ordem não há muita diferença. É preciso organização.
Quem já prestou o exame e ficou por pouco, por muito ou nem sabe por quanto ficou, tem, em regra, algumas dúvidas sobre o estudo para o próximo exame:
Devo me preparar da mesma maneira que o fiz para o último exame?
Devo estudar mais tempo?
Devo estudar o que gosto ou o que mais cai?
Afinal, como se preparar para um exame como esse?
Para responder a essas perguntas, antes de mais nada, é preciso praticar um ato que considero um dos mais lindos: o ato de perdoar, nesse caso, perdoar a si mesmo. Não podemos ficar olhando para o passado como se ele fosse tão presente a ponto de congelar nossos atos para o futuro. Devemos olhar para o passado e, com ele, descobrir onde estão nossos erros, e, em vez de criticá-los, devemos reconhecê-los e nos fortalecer com eles. Vou lhe explicar.
Uma aluna minha lamentava sua reprovação em alguns exames. Ela lembrava todas as pontuações das últimas provas: 36, 33, 39 e 37. Ela não conseguia entender por que ela tinha ido mal etc., e dizia-me:
“Professor, eu fui muito bem em ética em todas as provas, mas no resto eu vou mal, me ajuda, senão vou desistir dessa prova”
Leciono ética profissional no Curso Fórum. Como professor, o desempenho dela está ótimo para minhas aulas, mas não fazer nada por ela seria o mesmo que condená-la a desistir de prestar o exame. E, para mim, o mais triste é alguém desistir sem tentar, ao menos da melhor maneira.
Então, assumi essa responsabilidade e fiz a ela algumas perguntas.
- Quanto tempo dispõe para estudar com qualidade de atenção?
- Como foi seu desempenho nas matérias do exame?
- Que matéria vai prestar na segunda fase?
Seguem as respostas dela:
- Professor, não sei dizer quanto tempo terei para estudar, apenas garanto que irei estudar o máximo de tempo possível.
- Professor, o que passou passou, não quero saber daqueles exames que me traumatizaram, o que importa é o futuro.
- Não sei ainda, tem um professor que eu gosto muito, mas nunca trabalhei na área.
Nesse momento percebi que minhas perguntas contribuíram para diagnosticar que:
1º Mais do que estudar o máximo é preciso definir o mínimo de tempo diário para que possa criar a rotina;
2º Quem não compreende seus próprios erros tem dificuldade de saná-los.
3º Saber em que área vai prestar na segunda fase ajuda a dar a intensidade certa para sua carga de estudos.
Então, ajudei-a não apenas a decidir pela área em que ela tem mais experiência, bem como a diagnosticar em quais matérias seu desempenho foi baixo, e por fim encaixar um cronograma de estudos no tempo mínimo de que ela dispunha.
No começo ela teve dificuldades, e ela tinha que as expor , assim como suas fraquezas, para poder enfrentá-las. Entretanto, à medida que o estudo avançava, seu conhecimento crescia, e seu ritmo e confiança eram os expoentes diários dessa vontade.
O resultado foi o imaginado. Deu tudo certo… Ela passou.
Fez 46 na primeira fase e obteve uma boa nota na segunda fase. Para que área ela prestou? A certa, a área em que ela tinha experiência e gostava.
O que quero dizer é o seguinte: é a conjugação de elementos que viabiliza uma aprovação. Prefiro que estudem duas horas por dia com direcionamento do que quatro horas diárias sem saber ao certo o que está estudando. Prefiro que a força que tem dentro de si seja o motor de ânimo para continuar se preparando até a véspera da prova, e não jogar a toalha antes de terminar a preparação.
Por fim, a maior lição que quero trazer a vocês: persistir é uma característica importante para não desistir, mas não pode ser a única. É preciso organização, estratégia de estudo e, acima de tudo, se perdoar dos seus erros para saná-los no próximo exame.
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