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Minha Trajetória – 1º Capítulo da Obra Como se Preparar para Concursos

Kaique Knothe Andrade
Kaique Knothe Andrade

10/10/2017

Neste momento iniciamos nossa caminhada em conjunto rumo a uma compreensão deste mundo dos concursos fiscais. Embora o foco deste livro seja o leitor, explicando-se cada método e cada detalhe em função da sua realidade, acredito que é muito importante eu contar um pouco sobre mim – minha história, os motivos que me levaram a pensar em prestar um concurso e, acima de tudo, as impressões que acabei formando ao longo dessa trajetória.

A primeira pergunta que me fizeram logo após minha aprovação foi sobre meu histórico. Foi particularmente uma surpresa quando, naquele dia em que descobri que havia sido o primeiro colocado, pesquisei meu nome no Google e percebi que havia não somente pedidos para que eu me apresentasse e falasse sobre mim, mas também discussões e até mesmo “teorias” sobre minha aprovação. A maioria delas tentava explicar o resultado como consequência do método de estudos X ou Y, de uma capacidade de memorização acima da média ou de alguma outra razão que os participantes dos debates tiravam da cartola. E foi aparentemente uma surpresa quando postei meu depoimento no Fórum Concurseiros explicando quem eu era: uma pessoa normal que em dado momento optou pela carreira pública e que, com estudo sério e organizado, obteve a aprovação em curto tempo.

Algum tempo depois, já fazendo palestras sobre o concurso da Receita Federal, decidi iniciar explicando minha trajetória – porque, sempre que não fazia dessa forma, as perguntas não tardavam a aparecer. Assim, neste livro decidi utilizar a mesma estratégia. Antes de discutirmos os capítulos mais específicos, que explicam as características da área pública, as regras dos concursos e as estratégias para a aprovação, vou expor um pouco do meu passado – o que pode ser bastante construtivo, pois de certa forma introduz algumas discussões que teremos em outros capítulos, como a escolha pela carreira pública, além de permitir que você se identifique com algum aspecto particular e encontre, assim, uma afinidade ainda maior com o material.

Meu nome é Kaique Knothe de Andrade e sou de Rio Claro, interior de São Paulo – cidade onde nasci, cresci e estudei até o fim do colegial. Durante minha trajetória escolar nunca vislumbrei ser um servidor público. Tenho alguns parentes que são servidores, em especial minha mãe, que hoje é educadora física na Fundação de Saúde de Rio Claro, após ter trabalhado um longo tempo na iniciativa privada. Ser servidor, porém, não é um padrão em nossa família. Meu pai é químico em uma empresa privada, e, apesar de seus conselhos para não seguir carreira num ambiente industrial, aos 18 anos me mudei para Campinas para cursar engenharia mecânica na Unicamp.

Ao final da faculdade, após um estágio na indústria e outro em uma consultoria estratégica, eu aceitei uma oferta nessa segunda área e me mudei para São Paulo, onde passei a trabalhar em uma empresa muito bem estruturada, com ótimas oportunidades de carreira e sendo membro de equipes de consultoria que trabalhavam em contato direto com as diretorias de várias empresas de renome no país. Mas em pouquíssimo tempo comecei a perceber que aquela rotina não correspondia em nada com o que eu queria para mim. Apesar das grandes oportunidades que se abriam, eu tinha uma rotina extremamente desregrada, sem nunca saber o horário em que eu sairia no fim do expediente, se eu trabalharia ou não no fim de semana, ou mesmo se ao chegarem minhas férias eu poderia ou não desfrutar delas tranquilamente.

Embora não possa me queixar de desrespeito nem nada do tipo (ressalto, aliás, que foi um período de intenso aprendizado, do qual ainda aproveito conhecimentos para o meu trabalho como auditor), a pressão era intensa e a felicidade, pouca. Eu comecei a pensar cada vez mais seriamente em deixar o emprego, porém sempre refletia duas vezes, já que, se por um lado, eu, como recém-formado, ainda poderia ter outras opções no mercado, por outro, poderia ser perigoso abandonar tudo. Até que um dia, em uma Rodovia Castelo Branco totalmente congestionada e com cinquenta e-mails não lidos no meu celular, eu não quis nem pensar mais nisso: entrei no prédio e me demiti.

Até então eu ainda não pensava em concursos de forma séria – apenas queria um trabalho que me possibilitasse um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, muito provavelmente na indústria. Como eu me demiti, tive que deixar São Paulo e voltar a morar com meus pais em Rio Claro após sete anos morando sozinho. Era uma perda de independência que eu certamente não desejava, mas era uma alternativa economicamente viável e que me permitiria ter tranquilidade para me reposicionar no mercado de trabalho.

Com as despesas reduzidas a quase zero, passei a buscar alternativas, e foi aí que comecei a procurar informações sobre concursos pela primeira vez. Acabei por estabelecer uma estratégia que se dividia entre o estudo para concursos e a busca por uma vaga em empresas que respeitassem a qualidade de vida do empregado. Não me dediquei exclusivamente a um dos caminhos porque eu sempre fui uma pessoa avessa ao risco – a iniciativa de me demitir ocorreu de forma impensada, contrariamente ao modo como faço as coisas.

Como eu não conhecia esse mundo dos concursos, meu primeiro impulso era permanecer naquele universo de entrevistas de emprego e empresas que eu tão bem conhecia na minha realidade de recém-formado. Ao mesmo tempo, porém, eu percebia que a área pública tinha aspectos interessantes, e estando desempregado eu dispunha de bastante tempo para estudar entre uma entrevista e outra. Comecei, assim, a agir nesses dois flancos de batalha. Era maio de 2013.

Curiosamente, ao ler sobre a carreira pública, sobre os concursos, sobre os materiais e, posteriormente, ao iniciar o estudo de algumas disciplinas, comecei a gostar muito da área. Com poucas informações eu já havia optado pela área fiscal, pois não podia prestar os concursos jurídicos, que exigem bacharelado em Direito, tampouco tinha afinidade para a área policial ou administrativa. Uma alternativa seriam os concursos para engenheiros, como a Petrobras, porém estes já se encontravam com perspectivas ruins. Conversando com pessoas da área fiscal, interessei-me ainda mais pela atividade e pela carreira.

A Receita Federal se apresentou aos meus olhos naquele momento como uma instituição séria e na qual eu poderia desenvolver um trabalho que envolveria, ao mesmo tempo, um aprendizado muito grande e a possibilidade de alcançar resultados sociais importantes. Embora a arrecadação possa ser mal utilizada, e seja nosso papel de cidadão lutar contra isso, há inúmeros investimentos importantes que o Estado só é capaz de fazer com a arrecadação advinda da Receita Federal. E isso serve de argumento para qualquer outro cargo da área fiscal no âmbito estadual ou municipal. Ao mesmo tempo, a área fiscal oferece vantagens bastante atrativas, tais como a elevada remuneração inicial, a estabilidade e a possibilidade de conciliar a vida pessoal e a profissional.

Dois meses depois da minha demissão eu estava matriculado em um cursinho para Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e havia também comprado um material escrito para acompanhar fora das aulas. No desenvolvimento dos estudos, ainda lancei mão de outros materiais mais aprofundados, como alguns livros específicos de determinadas matérias.

Nesse ponto é importante realçar algo que muitos de vocês já devem saber: os concursos fiscais têm se tornado bastante competitivos, diria até que profissionais. Tal raciocínio também vale para os jurídicos e policiais. Não é mais possível estudar com o edital aberto ou com uma apostila de banca de jornal. As exceções aconteceriam em concursos com um número muito grande de vagas, como alguns da área bancária, e de algumas esferas municipais menos conhecidas. Salvo estas exceções, falar em estudar para concursos, hoje, envolve uma definição clara do seu objetivo e o início dos estudos independentemente da abertura do edital.

Como levará algo em torno de seis meses a um ano, ou até mais, para que o candidato cubra todas as matérias com um ritmo bom de estudos, é até mesmo vantajoso se o edital não abrir pouco depois da sua escolha por começar os estudos. Tempo é justamente o fator do qual você precisará se quiser estar apto a concorrer com boas chances de sucesso. A preparação é longa e deve ser estruturada.

Pois bem, após cinco anos de faculdade de engenharia e um período como consultor, lá estava eu tendo aulas e mergulhado em materiais teóricos, muitos deles relacionados a disciplinas com as quais eu nunca tinha tido contato. Um ponto que deve rodear a cabeça de uma pessoa que pensa em se dedicar a um concurso fiscal, quando avalia a complexidade e o tamanho do edital, é justamente o que me passou naquele momento: “essa mudança de rumos não seria muito grande?”. Em outras palavras, “isso tem chances de dar certo?”.

Essa dúvida ficou em minha mente por algumas semanas, senão meses, em especial quando vi todo o conteúdo de direito que envolve o concurso que eu desejava prestar. Com o tempo, porém, você vai perceber algo que eu antecipo desde já: a aprovação é plenamente possível. O concurso envolve muitas matérias diferentes, sendo que em nenhuma faculdade é dado um conteúdo nem mesmo próximo da metade do que é exigido para os concursos fiscais.

Mais do que isso, é preciso realçar que os candidatos do curso de direito muitas vezes se voltam a concursos jurídicos, com os quais têm muito mais afinidade, não precisando adentrar matérias de raciocínio lógico e contabilidade. Foi essa percepção que me deu ânimo para continuar.

Ora, e como abordar muitas matérias, como contabilidade e direito, já que para mim elas eram uma novidade? O segredo foi construir uma base sólida, de forma paciente, mas eficaz, como veremos em nossas discussões posteriores. Por enquanto, neste capítulo que foca na minha trajetória, cabe realçar que o baque inicial foi grande, mas com o tempo os estudos foram avançando e muitas matérias completamente novas para mim foram se mostrando compreensíveis – e algumas vezes até interessantes.

Logo no início dos estudos, passei a ter o hábito de ler muito os sites sobre concursos, tentando estar por dentro do que acontecia, dos editais que eram abertos, das remunerações e conteúdos pedidos nos concursos. Vocês se lembram da minha aversão ao risco? Pois bem, a fim de evitar que um estudo longo como esse não desse certo eu desenvolvi uma estratégia (que discutiremos em mais detalhes na parte do livro apropriada) que considero essencial: estudar para um concurso com um edital grande sem deixar de aproveitar vários concursos menos complexos que vão surgindo pelo caminho.

No meu caso, estudava todos os dias para Auditor-Fiscal, porém ficava ligado nos sites de concursos acompanhando os editais que se abriam. Se aparecia algo que me atraía e que cobrava disciplinas que eu conhecia (matérias que tinham correspondência com a minha formação, ou, ainda, que eram comuns ao concurso de Auditor-Fiscal), eu me inscrevia e fazia a prova. Era um jeito excelente de me manter fazendo provas e com chances de já ingressar na administração pública de forma antecipada, aliviando a pressão financeira e também a pressão psicológica por estar “só estudando”.

Ao fim de 2013 eu havia prestado oito concursos, tendo sido aprovado em um deles (Engenheiro do Ministério da Fazenda), e estava com uma boa parte das disciplinas do edital de Auditor-Fiscal estudadas. Caso o concurso de Auditor-Fiscal demorasse a abrir, a nomeação para engenheiro seria meu “plano B” – e novamente os riscos estavam atenuados, pois eu já estaria trabalhando, pagando minhas contas, e poderia me dedicar à preparação para Auditor–Fiscal em paralelo.

“E as entrevistas de emprego?”, você poderia perguntar. No fim de 2013 eu havia feito ao menos quinze delas, em diferentes fases, em São Paulo, interior e capital, e até mesmo no Rio de Janeiro e em Curitiba. Tive de fazer estudos de casos em grupo, provas on-line e presenciais, participar de teatrinhos e até mesmo responder com qual remédio eu me parecia. Juro, a pergunta foi exatamente essa. Mesmo com um bom currículo, fui rejeitado em todas.

Eu me preocupava bastante com tais reprovações nas primeiras entrevistas que fiz, em julho e agosto, no entanto neste novo momento, no fim de 2013, elas já nem me importavam tanto, pois eu havia decidido que a minha vontade era a de ingressar na carreira pública – especificamente como Auditor-Fiscal.

O ano de 2014 começou e eu estava me dedicando ao máximo para concluir o estudo de todo o edital anterior. No início do ano ainda prestei outras provas, como Engenheiro da CEF e Analista do INSS (na qual também fui aprovado, aproveitando a base teórica que tinha adquirido com o estudo para a Receita), contudo o fato importante mesmo veio em março: a publicação do edital do concurso de Auditor-Fiscal de 2014. Nos dois meses que se passaram entre a publicação do edital e a prova, o foco foi totalmente voltado para finalizar alguns pontos que faltavam, revisar as disciplinas e treinar com questões resolvidas e com as provas dos anos anteriores.

Nunca vou me esquecer dos dias 10 e 11 de maio, datas em que se realizaram as provas. Eu, que normalmente sou tranquilo em provas, estava um pouco nervoso – e só não estava mais por duas razões: porque estava muito concentrado na prova, e porque na semana anterior eu havia sido nomeado para o cargo de Engenheiro do Ministério da Fazenda – ou seja, indo bem ou não na prova de auditor, minha vida já mudaria na semana seguinte, pois já estaria empregado e ganhando meu próprio dinheiro. Mas, claro, meu sonho ainda estava em jogo naquele momento, o que justificava o foco total naquela prova de Auditor.

Felizmente tudo transcorreu bem na prova, exceção feita à ansiedade que marca a divulgação do gabarito e outros detalhes que sempre estão presentes. Em junho, o resultado das objetivas e discursivas foi publicado, e a minha alegria, como você pode imaginar, foi muito grande. Nessa época eu estava trabalhando como Engenheiro do Ministério da Fazenda, dentro de uma repartição da própria Receita, e os cumprimentos e a atenção recebidos quando todos viram o resultado foram muito gratificantes. Em julho o concurso foi homologado, e a partir daí eu e os outros 277 aprovados podíamos respirar mais tranquilos: só faltavam os trâmites burocráticos para que nos tornássemos Auditores-Fiscais. Nem mesmo o 7×1 da Alemanha no Brasil poucos dias depois foi capaz de estragar a sensação de satisfação desse momento!

Em novembro os aprovados foram nomeados, e eu tomei posse na Alfândega do Aeroporto de Guarulhos. Esta etapa foi seguida do curso de formação, um momento muito bacana de aprendizado e que possibilita muitas novas amizades, e do tão esperado exercício como Auditor-Fiscal. No começo não se sabe muito da rotina e dos procedimentos, pois o concurso cobra uma parte puramente teórica, mas com os treinamentos e o auxílio dos colegas, que já passaram todos pelo mesmo, o Auditor-Fiscal recém-ingresso começa em pouco tempo a se sentir em casa.

Permaneci por um ano no aeroporto, no qual tive a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas e aprender muito, até que em uma remoção (cujo funcionamento veremos detalhadamente na parte apropriada deste livro) pude ser transferido, a pedido meu, para a Delegacia Especial de Comércio Exterior e Indústria, em São Paulo – local em que trabalho atualmente, novamente cercado de colegas muito capacitados e de um excelente ambiente de trabalho. Não é hipocrisia minha: deixei a iniciativa privada por alguns fatores, sendo um dos principais o ambiente de trabalho, e não posso me queixar daquilo que encontrei na Receita Federal.

Após a aprovação, assim como outros colegas, eu não parei de estudar. A rotina dos estudos para concurso nos envolve de tal forma que não nos tornamos apenas aptos para sermos aprovados naquela seleção, mas sim para tentarmos muitos outros projetos pessoais, caso desejemos. No meu caso, após a aprovação em 2014, decidi fazer o curso de Direito. Na minha visão, seria uma boa oportunidade de aprimorar a qualidade do meu trabalho, conhecer novas pessoas e também estar preparado para novos voos, como os concursos jurídicos, caso a Receita Federal em algum momento viesse a ser desvalorizada em face das carreiras como a magistratura e a promotoria. Mais do que isso, queria cursar Direito na USP, pois tinha grande admiração pela faculdade.

Dediquei-me a estudar para a Fuvest após oito anos sem ver matérias como biologia, química, geografia e história. Utilizei um método semelhante ao que havia usado para o concurso (e que discutiremos aqui detalhadamente), e consegui a aprovação na primeira tentativa.

Esta abordagem sobre as possibilidades que se abrem para o candidato aprovado em um concurso fiscal e que se acostumou com o estudo de alto rendimento é muito importante, mas nem sempre discutida em livros que abordam o tema. Após a aprovação, você pode tanto se voltar ao exercício apenas da auditoria-fiscal, encontrando linhas de trabalho muito interessantes dentro da Receita, Secretarias da Fazenda e outras instituições da área fiscal e exercendo a carreira em equilíbrio com sua vida pessoal, como se voltar a novos horizontes em paralelo com o exercício do cargo de Auditor-Fiscal. Isso pode gerar mais motivação à pessoa, bem como lhe propiciar novas experiências.

A graduação ou pós-graduação em Direito, o trabalho como professor na área tributária ou em cursinhos preparatórios e até mesmo o empreendedorismo dentro daquilo que é permitido pelo estatuto são opções viáveis e que têm sido trilhadas por alguns dos aprovados nos concursos fiscais.

Hoje, depois de todas essas etapas que envolveram minha demissão, meses de dedicação intensa aos estudos, o início de carreira na Receita Federal e todo o aprendizado de cada etapa vivida, equilibro o exercício da auditoria-fiscal com os estudos na USP, as palestras que abordam o concurso e os métodos de estudo e, por fim, a confecção deste livro – um grande sonho que visa a discutir cada etapa dessa trajetória de um concurseiro disputando uma vaga em um concurso de alto nível.

Espero que esta etapa introdutória possa dar uma base para que encontremos pontos em comum entre nossas histórias. Certamente as pessoas que procuram um livro sobre concursos fiscais têm elementos em comum com algum aspecto deste texto. Isso é importante para que você, leitor, saiba interpretar minhas opiniões conhecendo minha realidade, e que também possa interpretar as dicas que são aqui fornecidas de forma ainda mais pessoal e otimizada.

Pode ser que um elemento que nos una seja a formação comum em exatas, que realmente fornece uma base de raciocínio muito boa para o candidato, embora isso não exclua uma pessoa de qualquer outra formação de aproveitar as dicas – já que em nenhum momento se pressupõe tal formação como essencial para a aprovação. Na verdade, no último concurso de Auditor-Fiscal, como discutiremos, havia entre os aprovados pessoas formadas em vinte e três cursos diferentes, da matemática ao jornalismo, da odontologia às letras, da administração à música.

Pode ser que o que nos une seja a insatisfação com alguma característica do emprego atual. O grande volume de horas extras, a pressão, a instabilidade ou mesmo o fato de trabalhar com algo que não gostemos, que não nos inspire, que aparente não ter relevância social. Nesse ponto, acredito que nossas discussões podem ser bastante relevantes para que você tome uma escolha coerente, baseada em dados e na opinião de quem já enfrentou esta situação.

Pode ser que o que gera um vínculo entre você e o livro seja a necessidade de se recolocar no mercado de trabalho após uma de-missão, e a consequente aposta no concurso como a melhor saída. Eu encontrei essa situação logo após ter me demitido, e acredito que o concurso seja uma ferramenta muito interessante, pois permite que você faça algo que efetivamente depende do seu esforço e cujo critério de seleção é objetivo. Ninguém gostará mais da cor dos olhos de outro candidato e te deixará fora da vaga por isso – o concurso pode sofrer críticas por várias razões, mas é um método impessoal que se mostra muito interessante para o candidato que se prepara.

Sejam estes ou porventura outros elementos que criem algo em comum entre nós, espero de qualquer forma que possamos avançar juntos nesta caminhada! O fundamental é que, ao final, você esteja apto para entender o funcionamento desse universo que são os concursos da área fiscal, sabendo quais são as opções em termos de cargos, quais são as formas viáveis de preparação, quais são as principais regras do concurso, as vantagens que o cargo oferece, as atividades desenvolvidas. Tudo isso baseado na experiência prévia de quem já passou por essas escolhas.

Não tenho uma trajetória que se encontra dentro dos relatos da maioria dos concurseiros. Em vez de ser uma pessoa que sempre sonhou com o cargo, eu vim da iniciativa privada insatisfeito com o que tinha e tive de buscar em pouco tempo as informações sobre concursos, traçando as estratégias de estudo da forma que me parecia melhor. Não me baseei em métodos consagrados, mas aproximei meu estudo daquilo que já achava mais eficaz para o estudo na universidade. Pensei em uma estratégia que reduzisse meus riscos ao máximo, e assim foquei em apenas um edital sem abrir mão de prestar vários outros concursos menos complexos que me dariam experiência e uma chance, ainda que pequena, de ingresso antecipado na administração pública.

Acredito ser esse o foco central que tentarei ter no meu texto, e que, de certa forma, trago das minhas experiências profissionais anteriores: uma forma de olhar para esse mundo chamado “concursos fiscais” e analisá-lo de uma forma organizada, como um consultor faria, explicando as decisões de cada etapa, as ferramentas disponíveis e como você pode traçar um caminho que, com uma preparação sólida e riscos reduzidos ao máximo, possa o colocar no cargo desejado.

Por último, a fim de concluir esta seção relativa à minha trajetória e avançar para os capítulos que realmente formam a parte importante deste livro, deixo meu “currículo de concursos”. Longe de representar um momento de exaltação (acredite, já cansei de ver pessoas brilhantes na Receita, na USP e em tantos outros locais, que estou certo de que ainda tenho muito a trilhar), exponho aqui meu histórico em provas por duas razões: dar credibilidade ao meu método e às minhas opiniões, já que efetivamente houve vitórias nesta trajetória, e também demonstrar que em toda caminhada há percalços – representados aqui pelas reprovações e opções equivocadas que também enfrentei até o alcance do meu objetivo.

Concursos prestados:

    1. Engenheiro (PECFAZ) – aprovado em 2º lugar em São Paulo – agosto/2013;
    2. Auditor-Fiscal do Trabalho – não aprovado – setembro/2013;
    3. Perito do MPU – não aprovado – setembro/2013;
    4. Analista do Banco Central – não aprovado – outubro/2013;
    5. Analista em engenharia mecânica da ANCINE – não aprovado – novembro/2013;
    6. Analista Judiciário (área administrativa) do TRT 15ª região – não aprovado – dezembro/2013;
    7. Analista da FINEP – aprovado no cadastro de reserva – janeiro/2014;
    8. Engenheiro da Caixa Econômica Federal – não aprovado – março/2014;
    9. Analista do INSS (engenharia mecânica) – aprovado em 1º lugar em São Paulo – março/2014;
    10. Analista da Empresa de Pesquisa Energética – aprovado – abril/2014;11) Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – aprovado em 1º lugar – maio/2014.

Conforme conversamos neste capítulo, eu prestava muitos concursos, mesmo que eu não soubesse todo o edital – e por isso a lista possui cargos tão distintos. Todos eles possuíam algumas matérias semelhantes às que eu estudava para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (o único concurso para o qual eu realmente me preparei), uns mais e outros menos, ou ainda matérias que eu havia estudado na faculdade de engenharia. Dessa forma, eu não me dediquei a cada um deles individualmente. Eu estudava apenas para o concurso de Auditor-Fiscal, e na semana anterior a cada um desses concursos “paralelos” dava uma estudada breve em temas que cairiam naquela prova.

Assim, não há como estabelecer uma relação clara entre os concursos expostos, mesmo porque o primeiro concurso fiscal de alto nível que eu prestei realmente preparado foi o de Auditor-Fiscal da RFB, no qual fui aprovado. Tal exposição serve mais como um exemplo do mé-todo de preparação para um concurso, sem abrir mão de prestar outras provas minimamente correlatas, e não tanto como uma linha contínua de preparação e crescimento. É possível, porém, notar um padrão:

  • No início da preparação, ainda cru, eu só tive chances no concurso de Engenheiro do PECFAZ, pois este lidava com partes básicas de Direito, as quais eu tinha tido contato em dois meses de preparação para a Receita Federal, e com ma-térias de engenharia. Concursos complexos, como Auditor do Trabalho e Analista do Bacen, passaram longe da minha capacidade naquele momento;
  • Concursos muito fora do âmbito fiscal, tais como o de Analista Judiciário, também estavam fora das perspectivas, por terem conteúdo muito distante do edital que baseava meus estudos diários;
  • Na virada do ano de 2014, com um semestre de estudos e iniciando uma preparação ainda mais focada, eu estava começando a ser um candidato com chances em concursos complexos da área fiscal. Nesse ponto, as aprovações vieram com maior frequência, envolvendo os concursos de Analista do INSS, Analista da Empresa de Pesquisa Energética (mais ligado à minha formação inicial, mas acredito que a autoestima também contou bastante nessa prova) e, por fim, a tão sonhada aprovação para o cargo de Auditor-Fiscal.

O professor e auditor-fiscal da RFR Kaíque Knothe de Andrade publicará nas próximas cinco terças-feiras intercaladas colunas com dicas sobre preparação e concursos, com base em sua obra “Como se Preparar para Concursos Públicos”.

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