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DICAS
EXAME OAB
Não espere Aprovação
Nourmirio Bittencourt Tesseroli Filho
27/01/2015
Setenta por cento dos alunos que me contatam via e-mail estão no “modo de reclamação”. Em geral, dizendo algo como: “Estou estudando no limite e não consigo passar num concurso público ou no Exame de Ordem. O que há de errado?” Aí eu indago: “Há quanto tempo você está nessa?” E normalmente me respondem algo como: “Seis meses”.
SEIS MESES?!
Ora, se você busca imediatismo, maré mansa, ESSA NÃO É A SUA PRAIA.
Você tem de pensar que o processo de aprovação é como uma maratona – e não uma corrida de 100 metros. Vai levar mais tempo para obter um resultado satisfatório.
Em sala de aula, às vezes cito o Alexandre. Certa vez, eu o encontrei mergulhado em livros e apostilas.
– E então? Esperançoso? – perguntei.
– Sem dúvida, professor. Licenciei-me e estou apenas estudando. Estou bastante confiante…
– E a família?
– A família, o senhor já sabe: “daquele jeito”… Mas a gente “vai levando”… Meus filhos estão com minha mãe, minha esposa mora com a irmã. E eu… Do curso para a pensão, da pensão para o curso, diariamente.
– Entendo… Domingo é a prova, não?
– A PROVA, professor! Muito mais que uma “simples prova”. São anos de labuta, renúncia e…
Ele não resistiu. Emocionou-se.
– Há tempo não vejo meus filhos, professor.
– Entendo… Mas por que sua esposa não traz as crianças? Um final de semana seria importante para vocês.
– Minha esposa trabalha aos domingos, professor. Minha mãe até levantou essa questão, mas logo abortamos: as crianças sofreriam… Enfim, faz parte…
Fim de intervalo. Não dei um pio a respeito. Apenas desejei boa sorte.
Três meses depois, o resultado do certame foi publicado. Não podia ser diferente… APROVADO!
Um bom tempo depois, eu o encontrei no supermercado. Alexandre estava bem vestido. Havia engordado. E foi logo disparando:
– Que bom revê-lo, professor. Tenho novidades!
Fiz-me de bobo.
– Passei no concurso. Fiquei em terceiro lugar geral!
Eu sorri. Ele queria compartilhar a alegria.
– Nunca duvidei, Alexandre. Saiba disso…
Ao nos despedirmos, uma jovem se aproximou; ao seu lado, duas crianças de sorrisos fartos.
– Esta é a minha família, professor: meus filhos e minha esposa.
De imediato, fiz a perguntinha tradicional ao garotinho:
– O que vai ser quando crescer?
– “Que nem” o papai… – disse ele, escondendo-se entre as pernas da mãe.
Percebi de pronto a emoção daquele vitorioso pai.
O poeta e dramaturgo Sófocles já dizia: “Não há sucesso sem grandes privações”.
Caro leitor, viva fundo sua paixão. Abandone o sonho de colher sem plantar. Se não há dedicação e amor à questão, NÃO ESPERE APROVAÇÃO.