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Jurisprudência na era digital: como evitar armadilhas e dominar a busca

GEN Jurídico
24/09/2025
Na prática jurídica, a consulta de jurisprudência é um pilar para construir argumentos sólidos e persuasivos, seja em petições, recursos ou provas de concursos. Com o avanço da inteligência artificial (IA), novas ferramentas surgiram, mas também desafios, como respostas imprecisas que podem comprometer sua atuação. Em um mercado jurídico competitivo, dominar esta habilidade é essencial para se destacar.
O objetivo da consulta de jurisprudência é garantir que seus argumentos estejam alinhados com as interpretações mais recentes dos tribunais, aumentando a credibilidade perante juízes e examinadores. Este artigo explica o funcionamento da pesquisa, os riscos do uso de IA, estratégias práticas com exemplos reais e como aplicá-las com eficiência. Vamos lá?
O que é consulta de jurisprudência?
A consulta de jurisprudência envolve buscar e analisar decisões judiciais anteriores para embasar teses jurídicas em processos. Trata-se de uma etapa estratégica, usada para reforçar petições, sustentações orais ou respostas em provas, com caráter classificatório, nunca eliminatório.
No Brasil, onde a tradição de civil law valoriza a lei escrita, a jurisprudência ganhou protagonismo com o Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015). Ela reflete o “direito vivo”, orientando a interpretação de normas em casos concretos. Por exemplo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou a “taxatividade mitigada” do rol de agravo de instrumento (art. 1.015), enquanto decisões sobre penhora de salários (art. 833, IV) ampliaram as possibilidades além do texto legal.
Cuidado com a terminologia: jurisprudência é o conjunto de decisões em um sentido. Evite o plural “jurisprudências” e prefira “acórdãos” ou “ementas representativas” ao citar decisões específicas.
Confira também:O Futuro do direito: tendências e oportunidades para advogados
Por que a jurisprudência é crucial na prática civil?
A jurisprudência é mais do que um complemento – ela molda a argumentação jurídica. Em 2025, a interpretação dos tribunais muitas vezes supera a lei escrita, especialmente em temas complexos como:
- Agravo de instrumento: o STJ (Tema 988) permite cabimentos além do rol legal, desde que justificados.
- Penhora de salário: apesar do limite legal de 50 salários mínimos, o STJ autoriza penhoras menores em casos específicos.
- Dano moral: julgados orientam valores, como R$ 4 mil a R$ 5 mil para atrasos de voo, dependendo do contexto.
Essa etapa é vital para persuadir juízes, mostrando que sua tese alinha-se a entendimentos consolidados, e para concurseiros, que precisam demonstrar domínio prático.
Como funciona a consulta de jurisprudência?
Dominar a consulta de jurisprudência exige método e atenção aos detalhes. Veja o passo a passo para uma busca eficiente:
- Escolha a fonte correta
Acesse sites oficiais de tribunais (ex.: STJ, STF, TJSP) para garantir confiabilidade. Evite intermediários como buscadores genéricos ou inteligência artificial sem revisão, pois podem conter erros ou dados desatualizados. - Utilize conectores lógicos
Empregue operadores como AND, OR, NOT, ADJ e $ para refinar resultados. Por exemplo, no STJ, busque “dano ADJ moral AND atraso$ OR perda” para capturar variações (atraso, atrasado) e excluir irrelevâncias com “NOT prequestionamento”. - Filtre resultados
Restrinja por data recente (ex.: 2025), relator, câmara ou turma. No TJSP, ative sinônimos automáticos e pesquise em ementas ou votos completos para reduzir milhares de acórdãos pouco relevantes. - Analise e cite com precisão
Leia ementas e votos, selecionando trechos persuasivos. Exemplo: “Conforme acórdão da Min. Nancy Andrighi (REsp 2024), R$ 5 mil é razoável para dano moral por atraso de voo com perda de conexão”. - Valide contra erros da IA
Se usar inteligência artificial para ideias iniciais, confirme todos os dados em fontes oficiais. A IA pode inventar acórdãos inexistentes, como ocorreu em um caso no Paraná (junho/2025), que resultou em multa de 1% do valor da causa.
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Riscos da inteligência artificial na pesquisa jurídica
A inteligência artificial (IA) é uma ferramenta poderosa para ideias iniciais, mas apresenta riscos significativos:
- Desatualização: a IA depende de bancos de dados que priorizam conteúdo antigo ou em idiomas dominantes (inglês, chinês), omitindo julgados recentes.
- Alucinações: a IA pode inventar decisões, fenômeno chamado de “alucinação”. Um exemplo internacional é Mata v. Avianca (EUA, 2023), em que um advogado foi multado em US$ 5 mil por citar casos fictícios. No Brasil, o STJ oficiou a Defensoria Pública por um HC inexistente (2025).
- Responsabilidade profissional: advogados são responsabilizados por erros, como multas ou sanções éticas, independentemente de dolo.
Dica prática: Use a IA como um “estagiário” para sugerir teses ou rebater argumentos, mas sempre valide em sites de tribunais. Desconfie de todas as respostas e peça links diretos.
Leia também:20 conselhos práticos para advogados iniciantes
Exemplos práticos de consulta de jurisprudência
Para ilustrar, considere a busca por dano moral por atraso de voo:
- Erro com IA: uma consulta em IA sugeriu um acórdão da 26ª Câmara do TJSP (2024) com R$ 5 mil. Checagem no site do TJSP revelou: o processo não existia – uma alucinação.
- Busca no STJ: usando “dano ADJ moral AND (atraso$ OR perda) voo NOT pré-questionamento”, a busca retornou 170 acórdãos. Um julgado de 2024 (Min. Nancy Andrighi) fixou R$ 5 mil por perda de conexão e falta de assistência, considerado razoável.
- Busca no TJSP: com sinônimos automáticos e “dano moral” + “atraso voo”, foram encontrados 1.652 acórdãos. Um de 24/06/2025 (15ª Câmara) fixou R$ 4 mil por 5 horas de atraso.
Dica estratégica: Filtre pelo relator do caso (ex.: Min. Nancy Andrighi no STJ) e cite: “Excelência, conforme julgado recente de Vossa Excelência…”. Isso personaliza e aumenta a persuasão.
Quando e como aplicar a jurisprudência?
A pesquisa é usada em fases estratégicas da advocacia, como:
- Petição inicial e recursos: em apelações, agravos internos ou memoriais, cite acórdãos para reforçar teses.
- Sustentação oral: apresente julgados do próprio relator para se conectar com o julgador.
- Concursos: após provas objetivas/discursivas, use jurisprudência para respostas práticas.
Documentos úteis (conforme edital ou norma interna):
- Acórdãos completos (PDF oficial);
- Ementas destacadas;
- Súmulas ou teses vinculantes;
- Trechos de votos relevantes.
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Na era digital, a consulta de jurisprudência combina tecnologia e estratégia. A inteligência artificial pode ser uma aliada, mas é a curadoria humana – com uso preciso de conectores lógicos e fontes oficiais dos tribunais – que faz a diferença para advogados e concurseiros. Aprimore sua técnica, pesquise diretamente nas fontes e transforme precedentes em argumentos imbatíveis.
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